A música de Tom Jobim pelo olhar de Nelson Pereira dos Santos

Peça promocional do filme que mostra a obra do brasileiro Tom Jobim (©divulgação) Estreia nessa sexta-feira, 20 de janeiro, nos cinemas brasileiros, o deslumbrante documentário “A Música segundo Tom Jobim”, […]

Peça promocional do filme que mostra a obra do brasileiro Tom Jobim (©divulgação)

Estreia nessa sexta-feira, 20 de janeiro, nos cinemas brasileiros, o deslumbrante documentário “A Música segundo Tom Jobim”, dirigido por Nelson Pereira dos Santos e por Dora Jobim, neta do compositor. Audaciosa, a produção não conta com um único diálogo.  Mostra apenas as canções de Tom Jobim na interpretação dos mais diversos cantores do mundo inteiro. Mas precisava de mais alguma coisa?

Pode ser que alguém reclame da ausência de legendas, o que dificulta a identificação de quem está na tela para os mais jovens. Porém, a justificativa de Nelson Pereira dos Santos, um dos mais consagrados e respeitados diretores do cinema nacional, durante a coletiva de imprensa em São Paulo, é mais do que satisfatória. Para ele, além de as legendas poderem dispersar a atenção do espectador, elas são um vício propagado pela televisão, tanto que, geralmente nos filmes, não aparece o nome dos atores quando eles entram em cena. Outro vício totalmente evitado é o da exigência de ter alguém explicando um determinado personagem ou acontecimento.

A história e a trajetória de um dos maiores nomes da música mundial são contadas apenas, e tão somente, por seus maiores sucessos, gravados por nomes como os brasileiros Gal Costa, Elizeth Cardoso, Vinicius de Moraes, Carlinhos Brown, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Nara Leão e Maysa; os norte-americanos Ella Fitzgerald, Sammy Davis Jr e Frank Sinatra; e os franceses ou de descendência francesa Henri Salvador, Pierre Barouh e Jean Sablon.

Pelo menos três momentos são inesquecíveis. O primeiro deles é o famoso dueto de Tom Jobim com Frank Sinatra, em “Garota de Ipanema”, canção que, aliás, desfila pelo filme em diferentes versões. O segundo deles diz respeito à mesma música, agora na voz da atriz Judy Garland.

Essa gravação foi descoberta por acaso numa das inúmeras pesquisas realizadas por Dora Jobim no YouTube e a raridade compensa a falta de qualidade das imagens. O terceiro momento é o que reuniu Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Paulinho da Viola numa das festas de réveillon na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. A faceta do maestro soberano, criador de peças eruditas, não é esquecido e se faz muito bem representado por trecho da “Sinfonia da Alvorada”, composta com Vinicius de Moraes para a inauguração da capital federal, Brasília. 

Trata-se, portanto, de um árduo trabalho de pesquisa em arquivos, com um roteiro muito bem afinado e que conta com a assinatura também da cantora Miúcha, que, rapidamente, conquista e envolve o espectador com uma obra bastante completa. Será difícil resistir a não cantar junto músicas como “Lígia” e “Chega de Saudade”.

Ah, antes que alguém reclame que não é tão capaz assim de distinguir Diana Krall, Oscar Peterson, Birgit Brüel e Stacey Kent; nos créditos finais, aparecem todas as legendas bastante explicativas com as imagens correspondentes. Sente-se falta, porém, de mais imagens de um dos mais respeitados intérpretes de Tom Jobim, o cantor e violonista João Gilberto.

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