O Tea Party, política e participação no urbanismo

Apesar de ser mais forte nas cidades europeias, a cultura da participação popular também existe nos Estado Unidos. Desde a década de 60 os cidadãos de fato têm voz em […]

Apesar de ser mais forte nas cidades europeias, a cultura da participação popular também existe nos Estado Unidos. Desde a década de 60 os cidadãos de fato têm voz em empreendimentos e regulações relacionados ao desenvolvimento urbano. Uma geração inteira de urbanistas se formou acreditando que o envolvimento público no assunto era essencial.

Um lobby do Tea Party , movimento político mais à direita no país – cujos maiores expoentes são vinculados ao partido Republicano –, tenta hoje mudar essa realidade. Mais do que impedir a participação popular, o grupo defende que não deve haver qualquer regulação ao investimento nas cidades. Se um investidor quiser criar um novo bairro, ele deve poder. Se uma cidade não quiser se enquadrar nos esforços para diminuir emissões de gases do efeito estufa, ela deve ter esse direito.

Os ultraconservadores do Tea Party estão participando de todos os tipos de reuniões a respeito de planejamento urbano possíveis. Os temas preferidos são discussões sobre sustentabilidade, aumento da densidade das cidades e crescimento controlado. O objetivo declarado é defender o ideal americano da vida no subúrbio. Eles acreditam que os conceitos em uso agora são anti-suburnanos e de alta densidade de moradia que são parte da Agenda 21 da ONU e vão fazer a propriedade de casas impossível no futuro, além de considerarem que a ideologia do crescimento inteligente é comunista.

A discussão do que acontece nos Estados Unidos pode ser interessante para o Brasil por pelo menos dois motivos. Um deles é mostrar que a orientação política definitivamente tem o poder de mudar a forma como as cidades são geridas. Governos de diferentes matizes ideológicas interferem diretamente no desenvolvimento das cidades. A diferença é que no nosso país, é difícil que essa cor ideológica apareça com tanta força quanto em outros países. O Tea Party defende seus ideais em alto e bom som. Aqui, cidades como Rio, São Paulo e Belo Horizonte têm uma orientação semelhante aos conservadores americanos. A diferença é que as decisões são tomadas a portas fechadas e, principalmente, a retórica não acompanha a realidade. Nesse quesito, a vantagem dos EUA é enorme.

O outro ponto é o conceito de participação popular. Apesar de atacado hoje, ele permaneceu praticamente intacto por quase cinco décadas. Tanto republicanos quanto democratas aplicavam essa ideia nas suas administrações. O que quero dizer é que participação não é necessariamente uma ação que cabe apenas a governos de esquerda, mas faz parte da cidadania. Por que é tão difícil aplicar o conceito por aqui continua uma pergunta sem resposta.

 

 

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