Complexo do Alemão tem Estado mais presente e Rocinha, mais empregos

Complexo do Alemão tem melhor serviço público, mas poucas oportunidades de trabalho (Foto: Estado do Rio de Janeiro) Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas apresentou dados econômicos e urbanos […]

Complexo do Alemão tem melhor serviço público, mas poucas oportunidades de trabalho (Foto: Estado do Rio de Janeiro)

Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas apresentou dados econômicos e urbanos sobre as duas maiores favelas do Rio de Janeiro, Rocinha e Complexo do Alemão. Para entender a diferença entre as duas comunidades, o pesquisador Marcelo Nery usou dados do Censo de 200 e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Os resultados mostram que é equivocado encarar favelas como um fenômeno similar. Cada localidade receberá investimentos públicos de maneiras diferentes.

Além da apresentar dados urbanísticos importantes, a pesquisa mostrou o efeito econômico da implantação das Unidades de Polícia Pacificadora nesses locais.

Uma das principais diferenças entre Rocinha e o Complexo do Alemão é a disponibilidade de espaço. Cravada no meio da valorizada e já quase totalmente ocupada Zona Sul, a Rocinha oferece pouco território para seus quase 70 mil moradores. Já no Complexo do Alemão, na Zona Norte, há mais espaço para expansão. Um dos indicadores dessa tendência é o número de pessoas que moram em um domicílio com mais de uma família: são 13%, contra apenas 3% no Alemão. A Rocinha tem 12% de seus domicílios com mais de um núcleo familiar. Na Rocinha a forma de ocupação também é mais precária. Os domicílios próprios quitados correspondem a 65%, contra 80% no Complexo do Alemão. Além disso, a Rocinha tem apenas 4,95% de imóveis com escrituras, contra 12,18% na comunidade da Zona Norte.

Os serviços públicos também estão mais presentes no Alemão. Lá, 94,5% das pessoas estão conectadas à rede de esgoto, contra 88,9% na Rocinha. Nesta, 6,75% das valas estão a céu aberto, enquanto no Alemão esse número é de 1,5%. Na Rocinha, 12% do lixo é coletado diariamente, contra 53% no Alemão. Em relação à água, a diferença é gritante: 21% das pessoas têm acesso à rede geral com ligação interna nas casas, enquanto no Alemão são 71% de pessoas. O acesso à residência por via pedestre (não muito íngreme ou becos) é de 24,4% na Rocinha e de 65,7% no Alemão.

Apesar da superioridade dos indicadores no Complexo do Alemão, a Rocinha tem números muito melhores no que diz respeito ao acesso a oportunidades de trabalho. 27% dos moradores da Rocinha afirma que as oportunidades são pelo menos boas, enquanto no Alemão o número é de apenas 8,1%. Há mais empregados privados na Rocinha: 37% contra 27,8%.

UPP x valor dos imóveis

O estudo mostra também que o valor das propriedades nas comunidades que receberam UPPs aumentou 7%. Dados gerais da cidade mostram que domicílios similares sofrem 25% de desvalorização nas favelas em relação aos bairros formais. O estudo sugere que esse efeito será maior na Rocinha, recém ocupada pela polícia, já que a pressão imobiliária lá já é maior do que em outras comunidades.