Grupo roqueiro que veio do Acre, Los Porongas disponibiliza álbum na internet

(ilustração: losporongas.com.br) O vocalista Diogo Soares, o guitarrista e tecladista João Eduardo, o baixista Márcio e o baterista Jorge Anzol formaram a banda Los Porongas, em 2003, no Acre, e […]

(ilustração: losporongas.com.br)

O vocalista Diogo Soares, o guitarrista e tecladista João Eduardo, o baixista Márcio e o baterista Jorge Anzol formaram a banda Los Porongas, em 2003, no Acre, e agora, residentes em São Paulo, lançam o segundo e ótimo álbum “O Segundo Depois do Silêncio”, título referente a uma ausência de quatro anos dos estúdios e que está disponível para ser baixado gratuitamente pela internet no site http://losporongas.baritonerecords.com.br/. Prova de que ainda é possível fazer rock and roll no Brasil com potência e mandando a mensagem certa de modo direto e rasgado.

Com instrumentais poderosos e marcados por certo tom progressivo, as letras apresentam poesia forte, direta e dilacerante, caso da ótima “Cada Segundo” – “O tempo nunca é o mesmo em todo lugar / Nenhum silêncio dura tanto quanto quer durar / O mar do medo é uma gota pra se navegar / A vida só começa cedo pra quem acordar / Cada segundo uma segunda chance / Uma segunda a mais”.

Desde o início, o Los Porongas chamaram a atenção de quem entende do assunto. Tanto que o primeiro álbum foi lançado em 2007 com produção de Philippe Seabra, da Plebe Rude, e foi eleito um dos melhores do ano por publicações como “Rolling Stone”, “Folha de S. Paulo”, “O Estado de S. Paulo”, “O Globo” e “Jornal do Brasil”. Foi o suficiente para, no ano seguinte, lançarem o primeiro DVD. Agora eles voltam com tudo, produzindo o próprio álbum, com João Eduardo e Carlos Eduardo Gadelha, exceto a faixa “Sangue Novo”, produzida por Dado Villa-Lobos, eterno Legião Urbana.

Em “O Segundo Depois do Silêncio”, há desde canções mais psicodélicas, como a de abertura, “Fortaleza”, passando pelas doces e belas baladas “A Dois” e “Longo Passeio”, tocada ao violão e que termina em clima de festa, até rocks mais rasgados e com pitadas das bandas alternativas paulistanas dos anos 80. Esse é o caso de “Bem Longe”. Uma das melhores faixas do álbum é a delirante “Mais Difícil”: “Portas e janelas bem fechadas / Ruas, avenidas e estradas / Tanta solidão na hora errada / Não me reconheço mais”. 

Mas as mais empolgantes são, sem dúvida, “Silêncio” e “O Lago”, que são daquelas canções para ficar repetindo sem parar. Aliás, a segunda tem versos que vêm bem ao caso: “Quero uma palavra mais bonita e pertinente / Pra compreender / O que foi falado quando eu fiquei calado / Ao invés de responder / Depois de um tempo valeria, valeria a discussão / Depois e antes se confundem quando a gente ainda quer explicação”. 

A filosofia da banda parece ficar clara em “Dois Lados”: “Se eu caio logo me levanto / E penso no que mais quero fazer / Se eu caio logo me levanto / E canto porque sei que é pra valer”. Para encerrar, a frase corrosiva presente no encarte: “O louco, querendo o mundo, descobriu o tempo e para cada dor um encantamento”.

Portanto, vem do Acre uma das forças do novo rock brasileiro. Vida longa aos Los Porongas!

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