O pop contagiante do Supertônica

Power-trio curitibano anima quem estava cansado do cenário musical brasileiro. (Foto: Divulgação) Instrumental maduro e competente, letras de um romantismo contagiante e jogos vocais extremamente eficazes, dignos dos Beach Boys […]

Power-trio curitibano anima quem estava cansado do cenário musical brasileiro. (Foto: Divulgação)

Instrumental maduro e competente, letras de um romantismo contagiante e jogos vocais extremamente eficazes, dignos dos Beach Boys (não a toa uma das principais referências) e de João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, com pitadas de Skank e Lulu Santos. Quer mais? Então ouça o CD de estreia da banda curitibana Supertônica, “Na Contramão do Não”. O power-trio formado por Fábio Serpe (guitarra, “viola de arame” e voz), Ricardo “Peu” Grassi (bateria, cajon e voz) e Simon Taylor (baixo e voz) enche de esperança quem estava cansado do cenário musical brasileiro.

A ensolarada canção “Perfeição” abre o CD mostrando que os rapazes não estão para brincar em serviço. Muito pelo contrário. Os primeiros acordes já demonstram tratar-se de uma estreia promissora, que lembra o de algumas bandas de pop rock dos anos 80 e 90. Mas claro que as principais referências são os sons dos anos 60 e 70, com acabamento moderno, como os rapazes gostam de afirmar em releases e páginas de apresentação em redes sociais. Dá vontade de sair dançando pela sala e escutar no carro rumo à praia. Há um quê da ótima canção do filme “That Thing You Do!”, de 1996.

“Vou Deixar”, a canção seguinte, não deixa o clima cair, mas muda um pouco o rumo da prosa. Trata-se de um rock urgente, com letra poderosa: “Em nosso passado / Ficou um borrão / Você ao meu lado não é mais nem recordação / Não tem sempre que ter final feliz?”. A resposta parece vir no ótimo rock baile, típico do início dos anos 60, “Quatro Letras”, que dá até para imaginar os rapazes de cabelo tigelinha e ternos bem cortados: “Quando sorriso é o que move a intenção / Um passo a mais não é em vão, bom é tanto ouvir quanto falar / Quando a saudade é muito forte pra aguentar / E as horas custam a passar, difícil mesmo é esperar”. Há direito até a palmas cadenciadas. Já ao escutar “Ela Deixa Pra Lá”, é difícil não visualizar o salão dos anos 50 e as garotas de vestido rodado dançando.

Em seguida, há duas canções igualmente muito boas e ensolaradas – “A Bela e a Fera” e “Feche a Porta”: “O tempo passa e mostra tanta coisa / Você insiste em esperar / Lembrando velhos medos / Você não vai se libertar”. Atenção para a presença dos vocais à capela e da “viola de arame”. Esse instrumento retorna potente em “Eu”. Claro que teria que haver uma canção com nome de garota, no caso, “Juliana”, que lembra um pouco a “mineirice” do Skank e presente também no carioca 14 Bis. Essa sensação permanece em “Quando o Céu”.

Há ainda ares do álbum “Cosmotron”, do Skank, em “Capapai”, com pitadas psicodélicas. O álbum fecha em grande estilo com “Quem É Você”, que volta a contar com a “viola de arame” e é uma das faixas mais diversificadas, trafegando por balada e diferentes estilos de rock, onde os garotos comprovam mais uma vez o talento como instrumentistas. Que venha o próximo show, álbum ou alguma edição extraordinária.

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