RJ treina população em área de risco

Morador atende agente da Defesa Civil no Morro dos Macacos. Moradores não acreditam estar em áreas de risco (Foto: Defesa Civil/RJ) Aconteceu neste domingo o primeiro simulado de desocupação de […]

Morador atende agente da Defesa Civil no Morro dos Macacos. Moradores não acreditam estar em áreas de risco (Foto: Defesa Civil/RJ)

Aconteceu neste domingo o primeiro simulado de desocupação de áreas de risco no Rio de Janeiro. Ao todo 20 comunidades participaram do treinamento de procedimentos para dias de tempestade. O objetivo é retirar as pessoas das áreas de risco antes que deslizamentos aconteçam.

O sistema de alarme funciona de forma semelhante ao dos países do Oceano Índico para os tsunamis. Uma sirene avisa que uma tempestade está se aproximando com antecedência suficiente para que os moradores peguem itens de primeira necessidade – especialmente remédios – e se dirijam para os pontos de acolhimento já conhecidos. O simulado tem como objetivo tornar o procedimento familiar para os moradores.

A Defesa Civil ainda não divulgou uma avaliação oficial sobre o sucesso do simulado. No Morro dos Macacos, na Tijuca, a adesão popular não foi muito grande, apesar do planejamento prévio. Agentes da Defesa Civil explicaram os procedimentos dias antes do simulado. No domingo, mais uma vez os agentes passaram em todas as casas. Cada família recebeu um cupom, que deveria ser devolvido aos organizadores nos pontos de apoio. A reportagem acompanhou uma das equipes na visita às casas. Na maior parte das vezes, os moradores diziam que fariam parte do simulado, mas não saíram de casa.

O discurso comum dos moradores é que o simulado é importante, mas que sua própria casa não corre risco de desabamento. Essa ilusão é perigosa, já que, por confiarem na durabilidade da casa que eles próprios construíram, moradores de áreas perigosas podem estar colocando suas vidas em risco. A resposta dessas pessoas pode parecer difícil de entender para aqueles que vivem em segurança e se chocam com os constantes desabamentos. Mas essas comunidades não tiveram apoio do poder público em muitos anos. Todas as casas, bem como sistemas de água e eletricidade foram feitos de maneira individual, sem fiscalização, e mesmo assim elas permanecem em pé. O sentimento de rejeição às tentativas de aproximação do Estado é, na verdade, o mais esperado.

Por isso, é importante que a Defesa Civil entenda os sinais e não considere essa missão completa depois da realização de alguns simulados. É importante convencer as pessoas de que elas estão em área de risco, que não serão expulsas de suas casas e que, ao mesmo tempo, têm a possibilidade de sair do local se quiserem, sob condições compatíveis com seu desejo ou não de permanecer na região e com sua renda. 

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