Rita Gullo encanta em CD de estreia

 A voz de Rita Gullo, de 27 anos, conquista o ouvinte logo no primeiro acorde arrasador do clássico “Oração ao Tempo”, de Caetano Veloso, que conta com o acordeon sempre […]

 A voz de Rita Gullo, de 27 anos, conquista o ouvinte logo no primeiro acorde arrasador do clássico “Oração ao Tempo”, de Caetano Veloso, que conta com o acordeon sempre impecável de Toninho Ferragutti. Afinal, a artista tem uma formação riquíssima que exibe com precisão e requinte em cada uma das 13 faixas de seu álbum de estreia. Ela estudou História na PUC-SP, Artes Cênicas no Teatro Escola Célia Helena, estudou violão desde criança e traz a literatura do berço, como filha do escritor Ignácio de Loyola Brandão.

 O álbum que leva o nome da cantora é recheado de grandes clássicos da música brasileira, como “O Cantador”, de Dori Caymmi e Nelson Motta, que consagrou Elis Regina como a melhor intérprete no Festival da Record de 1967; “Sentinela”, de Milton Nascimento; e “Nunca”, de Lupicínio Rodrigues. Rita Gullo aceita e se dá super bem no desafio de cantar em espanhol a linda “Sueño Con Serpientes”, de Silvio Rodrigues, um clássico inquestionável da música cubana; em inglês, uma versão mais cool de “Each and Everyone”, da banda britânica de dance music e pop Everything But The Girl; e de fazer um dueto com Chico Buarque em “A Mulher de Cada Porto”, parceria do cantor e compositor com Edu Lobo.

 Vale destacar também a qualidade dos músicos que acompanham Rita Gullo em todas as fases e o encanto provocado pelos arranjos de Mario Gil e Hamilton Messias. Basta conferir a precisão e força provocada pela flauta tocada por Teco Cardoso, em “Cruzada”, de Tavinho Moura e Marcio Borges; ou então os pandeiros, triângulo, agogô, bré e viola de Fabio Tagliaferri, em “Espelho”, de Xande Mello e Eduardo Pitta; e o clarinete de Nailor Proveta e o contrabaixo de Sizão Machado, em “Pedra e Areia”, de Lenine e Dudu Falcão. Há também o acordeon de Toninho Ferragutti e flauta de bambu de Teco Cardoso em “Xote”, parceria de Rodolfo Stroeter e Gilberto Gil, que encerra o álbum.

 “Rita Gullo” é um belíssimo álbum de estreia que mostra a força de uma intérprete que já demonstra carisma e capacidade de figurar no panteão seleto das grandes vozes femininas que o Brasil já revelou. Aguardam-se seus próximos passos em estúdio e ao vivo, e torce-se para que ela não se perca no caminho. Muito pelo contrário. Pois talento há de sobra e diversidade também, uma vez que a artista passeia com segurança pelos mais diferentes ritmos.