Porto Alegre e Salvador se preparam para Fórum Social Mundial

Edição 2010 do encontro que discute alternativas políticas, econômicas e ambientais é descentralizada. Dez anos do evento marcam volta à capital gaúcha

Ao completar dez anos, o Fórum Social Mundial (FSM) tem uma edição descentralizada, quer dizer, 27 eventos internacionais ocorrem em diferentes cidades do mundo. O primeiro dos eventos é sediado em Porto Alegre, onde ocorreram quatro eventos, incluindo os três primeiros. Em 2011, Dakar, no Senegal, recebe os ativistas.

O FSM 10 Anos Grande Porto Alegre promove uma reflexão sobre a primeira década do movimento cujo lema é “um outro mundo é possível”. De 25 a 29 de janeiro, ocorrem atividades em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Sapiranga e Gravataí.

“O FSM não ‘volta’ portanto a Porto Alegre”, explica Francisco Whitaker, um dos idealizadores do FSM e membro do Conselho Internacional, em entrevista à Agência Adital. “Lá se realiza um Fórum Social especial porque nele está contido um grande seminário de avaliação dos dez anos de caminhada, organizado pelo grupo de entidades e pessoas que promoveram em 2001 o primeiro FSM”, conta.

Depois da capital gaúcha, Salvador (BA) promove o Fórum Social Temático da Bahia, de 29 a 31 de janeiro. Madri, na Espanha, Cidade do México, Istanbul, Turquia e outras cidades recebem eventos mundiais ou temáticos.

História

A primeira edição do FSM ocorreu em 2001. Com o objetivo de se contrapor ao Fórum Econômico Mundial, realizado anualmente em Davos, na Suíça, o encontro propunha alternativas ao modelo neoliberal que predominou na definição de políticas econômicas no mundo durante a década de 90. A redução do papel do Estado, a primazia do mercado e a força cada vez maior de empresas transnacionais era contraposta por movimentos sociais, sindicais e organizações não-governamentais em uma dinâmica plural.

“O Fórum Social Mundial foi, então, a primeira iniciativa planetária, em muitos anos, capaz de reunir os brotos de mobilização político-social contra a coalizão imperialista liderada pelos Estados Unidos”, analisa Breno Altman, jornalista editor do Opera Mundi. “Sua primeira edição, e algumas das seguintes, deram rosto ao protesto contra o desenho de mundo forjado pelos monopólios e seus governos”, completa.

Para Whitaker, a carta de princípios do Fórum garante algumas características essenciais para seu sucesso. Ele cita aspectos como ser um espaço aberto, a horizontalidade na organização de atividades, a auto-organização de atividades, a recusa de um documento final único, a não designação de dirigentes ou porta-vozes e o respeito à diversidade.