Caminhada marca abertura do Fórum em Porto Alegre

As guerras promovidas pelos EUA são uma das críticas que permanecem na pauta do FSM com o passar dos anos (Foto: Rede Brasil Atual) Uma marcha pelo centro da capital […]

As guerras promovidas pelos EUA são uma das críticas que permanecem na pauta do FSM com o passar dos anos (Foto: Rede Brasil Atual)

Uma marcha pelo centro da capital gaúcha abriu oficialmente a décima edição do Fórum Social Mundial nesta segunda-feira (25) e reuniu, segundo os organizadores,  entre 20 e 30 mil pessoas. A Brigada Militar falou em dez mil.

A diversidade e o respeito às diferenças anunciados durante os debates da manhã na Usina do Gasômetro ficaram evidentes no fim da tarde, quando os milhares de manifestantes saíram às ruas da capital gaúcha, cada um com sua bandeira: religião, sindicalismo, feminismo, combate a todo tipo de discriminação, melhores condições de vida, preservação do meio ambiente etc.

A marcha, aberta por grupos reliosos afro-brasileiros, foi seguida por centrais sindicais de diversas origens, partidos, militantes independentes e cidadãos sonhando com um outro mundo possível – e lutando por ele.

Curiosamente, a mesma marcha consagra diversidades e expõe divisões. Carros de som, cada um puxando sua turma, tratam de mostrar que ali há muitas causas diferentes e que nem todas se comunicam. Como num desfile de carnaval, cada ala vai com sua fantasia. 

Rubens Diniz, do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz, carregava uma faixa contra a presença de militares dos Estados Unidos na Colômbia. Para ele, a implantação de bases no país sul-americano coroou o fracasso do governo Barack Obama em conseguir uma nova relação com a América Latina.

“O Fórum, nesses dez anos, ajudou a mudar a conjuntura da América Latina. Há dez anos estávamos aqui para lutar contra a Alca. Hoje estamos aqui para avançar nas mudanças políticas na América Latina”, avaliou o ativista.

Pouco atrás vinha uma ala que quer, no Fórum, discutir a questão de gênero. Com a cara pintada, Albineiar Plaza Pinto, de Goiás, faz questão de ressaltar que a superação dos preconceitos é tarefa conjunta de mulheres e homens e que o evento em Porto Alegre tem papel fundamental nisso, sem esquecer do principal objetivo a ser alcançado a partir dos debates do FSM.

“Um mundo solidário, onde a gente não tenha que competir. Um mundo onde as relações econômicas sejam mais distribuidoras. Onde não haja tanta fome e tanta miséria para tantas pessoas”, resumia.

No meio da manifestação, o vento começou a soprar forte e deu trabalho a quem segurava faixas. Uma das poucas que tratava de democratização da comunicação era a de Eugênio Neves, blogueiro de Porto Alegre. A faixa ironizava a cobertura da RBS, a afiliada local da Rede Globo, e a maneira como a mídia conservadora cobre os assuntos gaúchos, como os escândalos envolvendo a governadora Yeda Crusius.

“Tenho certeza que hoje a grande luta da esquerda é contra a mídia. A mídia que define a pauta, os consensos, define tudo. A gente veio aqui de forma independente. A gente milita pela democratização da comunicação. E tenta fazer com que os partidos de esquerda percebam a mídia como inimigo estratégico”.

Raul Peres, de um movimento de catadores de materiais recicláveis da Argentina, passou por Santa Maria na semana passada e, por lá, discutiu os problemas que compartilha com os trabalhadores brasileiros do setor: falta de incentivo governamental, disputas com os grandes do setor privado, nenhuma assistência médica, nem garantia de aposentadoria.

Oriente

Os palestinos sempre freqüentam o Fórum Social Mundial para divulgar os problemas pelos quais passa seu povo. A depender da localização do evento, as colônias espalhadas pelo planeta se articulam e decidem quem vai representar os palestinos.

Este ano, Fairuz é uma das que estão nos encontros de Porto Alegre. “O foco principal do Fórum, como reúne pessoas de todas as partes do mundo, é mostrar para aqueles que às vezes desconhecem nossa causa que a gente não é terrorista. Se tiram nossas terras, a gente somente quer de volta o que é nosso”, explica.

No fim das contas, as alas sempre se decompõem para, no ponto de dispersão, formarem uma única escola. Que não é de samba, mas de muitos ritmos somados.

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