Mostra de cinema marca Dia Mundial do Refugiado

Relatório de órgão da ONU aponta que há 42 milhões de refugiados no mundo e que no ano passado praticamente não houve avanço

Imagem de Do outro lado, filme que fala das crianças que ficam “para trás” quando os pais são obrigados a mudar de país (Foto: Vico Morales / divulgação)

Para lembrar o Dia Mundial do Refugiado, ocorre em Brasília a 1ª Mostra de Cinema sobre Refúgio e Migração “Cinema sem Fronteiras”. O evento, que vai de 18 a 21 de junho, é uma realização do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), da Agência Espanhola de Cooperação Internacional e do Instituto Cervantes.

A intenção é reunir filmes ficcionais e documentários que tratam de problemas distintos, mas próximos. De um lado, a situação dos refugiados, forçados a abandonar seus lares e países por perseguições e conflitos. De outro, os imigrantes que em algum momento veem-se obrigados a sair em busca de melhores oportunidades no exterior.

O porta-voz do Acnur no Brasil, Luiz Fernando Godinho, destaca que a ideia de fazer uma exibição de filmes é envolver a opinião pública no debate. No país vivem cerca de quatro mil refugiados, a maioria angoleses que chegaram na década de 90. “Com o fim do conflito em Angola, a população de refugiados do país estabilizou-se e, agora, crescem as comunidades de colombianos e congoleses”, afirma Godinho.

O conflito na Colômbia, que tem ao menos cinco décadas, tem situação muito peculiar: o deslocamento interno de três milhões de pessoas, um dos maiores da história. O porta-voz do Acnur explica que, nos últimos anos, os combates mudaram de caráter e, com isso, foi alterado também o quadro dos afetados pela violência. Hoje, as comunidades rurais são as principais vítimas dos embates – são populações que, normalmente, têm menos acesso aos órgãos que podem ajudar a conseguir refúgio em outros países. O documentário Pequenas vozes, que abre a mostra, apresenta a questão dos conflitos na Colômbia sob a perspectiva das crianças vítimas de violência.

Após a exibição ocorre um debate sobre refúgio e migração no mundo e no Brasil.
Segundo o relatório divulgado esta semana pelo Acnur, há 42 milhões de deslocados no mundo, com 16 milhões de refugiados e 26 milhões de deslocados em seus próprios países. O documento lamenta que o ritmo da redução do problema tenha sido lento no ano passado e, mais do que isso, ocorreram novos deslocamentos que praticamente anularam as conquistas.

Do total de deslocados, 80% estão em países em desenvolvimento. O destino desses migrantes e refugiados pode ser explicado pela questão geográfica, lembra Godinho, que ressalta que as principais nações de acolhida são Paquistão (vizinho do Afeganistão), Irã e Síria (vizinhos do Iraque).

O porta-voz do Acnur aponta que a decisão de abrigar-se em países próximos tem a ver com a adaptação cultural e destaca o caso dos palestinos chegados ao Brasil em 2007. Hoje, alguns estão bem adaptados, mas não se pode dizer que seja o caso de todos. “Tomar a decisão de ser um refugiado é muito difícil. Você perde todo o seu vínculo com sua rede social original. No caso dos palestinos e de outros refugiados do Oriente Médio, tem toda a questão do choque cultural, que é maior do que para aqueles que vêm de América Latina ou de um país de língua portuguesa”, afirma.

O Dia Mundial do Refugiado, 20 de junho, foi criado pela Assembleia Geral da ONU em solidariedade à África, continente em que ocorre o maior número de deslocamentos forçados.

As exibições ocorrem no Cine Brasília (EQS 106/107 – Asa Sul) e no Instituto Cervantes (SEPS 707/907 Conjunto D – Asa Sul) e são gratuitas.

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