Genocídio

Fiocruz denuncia que garimpeiros desviaram e venderam medicamentos contra a malária

De acordo com a Fiocruz, garimpeiros comercializaram medicamentos produzidos pela entidade que deveriam ter como destino povos yanomamis

Oliver Ninja/Mídia Ninja
Oliver Ninja/Mídia Ninja
Os garimpos ilegais estimulados durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro deixaram um rastro de destruição na região amazônica

São Paulo – Garimpeiros ilegais em territórios Yanomamis estariam desviando medicamentos na região da Amazônia. Os remédios deveriam atender pacientes com malária. A denúncia é da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O Ministério da Saúde informou que recebeu a notificação e que investigará o caso. A Fiocruz enviou ofício à pasta no último dia 18 e confirmou a informação ontem (30) à imprensa.

Os garimpos ilegais, estimulados durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixaram um rastro de destruição na região. Trata-se de uma tragédia humanitária que, agora, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva corre para sanar. Entre os problemas mais urgentes, desnutrição, destruição de rios e florestas, além de um surto de malária. Ainda hoje, o presidente editou um decreto com medidas para expulsar mais de 60 mil garimpeiros ilegais dos territórios dos Yanomamis.

Comércio dos garimpeiros

Segundo a Fiocruz, os garimpeiros estariam vendendo medicamentos produzidos pela entidade. Estes remédios eram destinados justamente aos indígenas.

“No dia 18 de janeiro, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) enviou um ofício à Coordenação Geral de Assistência Farmacêutica e Medicamentos Estratégicos, da Secretaria de Ciências, Tecnologias e Insumos Estratégicos (MS), para notificar o órgão a respeito de informações sobre a comercialização ilegal de um lote de medicamento (artesunato + mefloquina) produzido pelo instituto para o tratamento de malária. O medicamento em questão estaria sendo vendido por garimpeiro em localidade próxima ao território indígena yanomami”, informa a Fiocruz.

Genocídio

A situação dos Yanomamis levou o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), a ordenar uma investigação por prática de genocídio. O termo “genocida” também foi utilizado por Lula para classificar a situação. De acordo com o Estatuto de Roma, tratado assinado pelo Brasil em 2002, que cria o Tribunal Penal Internacional (TPI), entende-se por genocídio ato “praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”.

“Vamos cuidar do povo Yanomami. Não é possível alguém ver essas imagens e ficar quieto. Tivemos um governo que pode ser tratado como genocida. É um dos culpados por isso acontecer. Ele fez propaganda que podia ter invasão, usar mercúrio. Então, acabamos com a brincadeira”, disse Lula em coletiva concedida ontem, ao lado do primeiro-ministro alemão Olaf Scholz.

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