Fumaça no vizinho

CPI vai investigar agressão a saúde e ambiente em polo petroquímico

Moradores de bairros da capital próximos a Santo André e Mauá e especialistas relatam doenças que seriam causadas pela poluição das indústrias do polo

Reprodução/Youtube
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Há na região uma grande incidência de tireoidite de Hashimoto, doença incurável que se não for tratada leva ao coma e à morte. Em crianças pode provocar retardo mental e de crescimento

São Paulo – Começam nesta quinta-feira (12) os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Municipal de São Paulo para apurar danos à saúde da população e ao meio ambiente da região próxima ao Polo Petroquímico do Grande ABC. A instalação da CPI da Poluição Petroquímica foi aprovada em plenário no último dia 27, após requerimento do vereador Alessandro Guedes (PT).

À RBA, o parlamentar disse que a iniciativa resultou de diversas denúncias de moradores de bairros localizados na divisa de São Paulo com Santo André e Mauá. E também de profissionais de saúde, entre eles a médica endocrinologista Maria Ângela Zuccarelli Marino, pesquisadora da Faculdade de Medicina do ABC.

Desde 1988 ela pesquisa casos de doenças da tireoide entre moradores da região e descobriu uma grande incidência de tireoidite de Hashimoto, doença incurável que se não for tratada leva ao coma e à morte. Quando afeta crianças, a doença pode provocar retardo mental e de crescimento. A origem dos casos, para ela, está na poluição causada pelos efluentes despejados na atmosfera pelas chaminés do polo, espalhados democraticamente pelo vento para os bairros independente do município.

Adoecimento

“Fizemos audiências públicas no âmbito da Comissão de Meio Ambiente, que apontaram para a necessidade de investigar mais a fundo a origem do adoecimento das pessoas moradoras da zona leste. O polo não admite que polui, mas o tema é urgente e uniu vereadores de diferentes partidos”, disse o vereador.

A CPI terá duração de 120 dias, podendo ser renovada, e terá uma reunião semanal, às quintas-feiras, a partir das 10 horas. Serão convidados moradores, profissionais de saúde, ambientalistas, especialistas, representantes da Cetesb e das empresas e demais agentes.

A comissão será presidida por Alessandro Guedes e terá como vice Toninho Vespoli (Psol). Para a relatoria foi escolhido Faria de Sá (PP) e para a sub-relatoria, Sandra Tadeu (União). Participa também Xexéu Tripoli (PSDB).

O Polo Petroquímico foi inaugurado em 1954, com a instalação de uma das primeiras unidades da Petrobras no Estado de São Paulo, a Refinaria de Capuava, na época a maior do país. Depois vieram indústrias de derivados, como etileno, propileno, polietileno e outros petroquímicos, que são matérias-primas para a fabricação de borrachas, tintas, produtos farmacêuticos, vidros, embalagens, resinas, tubos, mangueiras, calçados, filmes plásticos, peças injetadas, adesivos, espumas expandidas, agrotóxicos, portas, janelas e cosméticos.


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