Extração

Juíza aliada aos Bolsonaro beneficia acusados de garimpo ilegal

Próxima à família Bolsonaro, a juíza de 2º grau em Brasília liberou aeronaves e dinheiro do garimpo ilegal em Terra Indígena Yanomami

Rogério Assis/ISA
Rogério Assis/ISA
Garimpo ilegal nas terras Yanomami é consequência do incentivo de Bolsonaro, desde a campanha eleitoral

São Paulo – A desembargadora Maria do Carmo Cardoso, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília, liberou recursos e nove helicópteros de um grupo suspeito de atuar em garimpo ilegal de ouro na Terra Indígena Yanomami, entre o Amazonas e Roraima. Chamada de “Tia Carminha” pela família Bolsonaro, ela atua como uma espécie de conselheira jurídica da família, segundo informa a Folha de S.Paulo.

A apreensão havia sido feita no final de agosto, por determinação da Justiça Federal em Roraima. Na ocasião, o tribunal acatou pedido da Polícia Federal e do Ministério Público Federal para o sequestro de valores, ativos financeiros e bens da empresa Cataratas Poços Artesianos. Além dos helicópteros, foram bloqueados R$ 3,3 milhões do empresário acusado, Rodrigo Martins de Mello, e R$ 158,7 milhões de Celso Rodrigo de Mello. Seus advogados recorreram.

Os empresários são acusados de integrar um grupo de garimpeiros que exploram ouro de maneira ilegal em terra indígena, praticam crime ambiental e lavagem de dinheiro. A extração de ouro na região explodiu com a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência da República. Desde a campanha, ele já defendia a mineração em territórios indígenas.

Garimpo ilegal

Os povos indígenas estimam que 20 mil garimpeiros estão na terra Yanomami, com a permanência garantida por donos de balsas, dragas, “tatuzões” e aeronaves.

Na liminar deferida no último 14 de dezembro, a desembargadora Maria do Carmo determinou a liberação de 50% dos valores e bens sequestrados, “para que [os investigados] possam dar continuidade a suas atividades financeiras”.

“Não restou evidenciada a demonstração do risco de dano grave ou de difícil reparação, uma vez que o conteúdo documental demonstra as autorizações legais e ambientais necessárias para a prática profissional de extração de minérios e aviação na região”, afirmou a juíza na decisão que liberou bens ao grupo investigado.

Ainda segundo a magistrada, “há elementos sobre possível ilicitude na cadeia de provas”.