População castigada

Inundação em Marabá já é a maior em 20 anos e atinge 2 mil famílias

Mais de 527 famílias estão em abrigos da prefeitura. Tocantins, Maranhão e Piauí ainda têm problemas com enchentes. Chuva diminuiu em Minas, mas deixou 24 mortos – e desabrigados passam de 28 mil

Prefeitura de Marabá
Prefeitura de Marabá
Cheia em Marabá: casas e estabelecimentos comerciais são tomados pelas águas do rio Tocantins

São Paulo – Com as fortes chuvas que caem sobre a região sudeste do Pará desde o início da semana, o rio Itacaiúnas, que banha a cidade de Marabá, entre outras, subiu oito centímetros nesta sexta-feira (14). Com isso, já está 13 metros acima da média normal e segue invadindo casas e estabelecimentos comerciais.

Segundo a prefeitura, a cheia do rio, que é um afluente do Tocantins, costuma ocorrer a partir do mês de fevereiro. Este ano se adiantou, e trouxe ainda a maior cheia do período em 20 anos. Segundo a Defesa Civil, no total já são 2.011 famílias atingidas. Ainda há famílias ribeirinhas e ilhadas, que moram no segundo piso de residências e resistem à mudança de local.

Por sua vez, o estado de Tocantins tem mais de 1,9 mil desabrigados e desalojados por causa de enchentes do rio de mesmo nome. Segundo a Defesa Civil, 30 municípios estão sendo monitorados e famílias deixam suas casas com ajuda dos bombeiros. Três pessoas morreram. Um morador de Arraias tentou atravessar o rio São Domingos nadando e acabou sendo levado pela correnteza. Em Aragominas, um homem encontrou o corpo do pai, que morreu ao tentar atravessar um córrego que havia transbordado. Um adolescente desapareceu no rio Providência.

Enchentes no Tocantins

São as piores enchentes devido a cheias no rio Tocantins dos últimos 20 anos. São Miguel do Tocantins, na região do Bico do Papagaio, é a cidade mais atingida. Mais de 480 moradores da cidade estão em abrigos compartilhados cedidos pela prefeitura. Pontes, estradas e casas foram danificadas. Deve chover até domingo.

As chuvas acima da média começaram no final de dezembro, provocando enchentes no rio Tocantins e afluentes, causando alagamentos, deixando comunidades ilhadas e propriedades submersas. Famílias em vulnerabilidade receberam ajuda do Exército e do Corpo de Bombeiros. Na última quarta-feira (12), o governo do estado decretou situação de emergência.

Maranhão

Segundo o Corpo de Bombeiros, 12 cidades estão em situação de emergência e já ainda outros cinco municípios que também já registraram danos por causa das fortes chuvas que atingem o Maranhão e que levam ao aumento do nível dos rios. Pelo menos 1.178 famílias estão desabrigadas ou desalojadas.

Entre as cidades em situação de emergência estão Imperatriz, a segunda maior do estado. Outros municípios estão sendo monitorados por causa do aumento do nível dos rios. Em Imperatriz, subiu para cerca de 379 o número de famílias desabrigadas ou desalojadas, com 1.300 pessoas atingidas pela cheia. Segundo a Defesa Civil, são cerca de novas 100 famílias retiradas de casa nas últimas 24 horas.

Em todas as regiões, as famílias estão sendo retiradas das áreas de risco com ajuda dos bombeiros, que também levam às famílias água potável, colchões e o transporte de profissionais de saúde. A operação é realizada com auxílio das prefeituras, Centro Tático Aéreo, Força Estadual de Segurança e Secretarias do Governo do Estado.

Estradas alagadas

Segundo o Corpo de Bombeiros de Mirador, também no Maranhão, desde o início da enchente 20 estradas para povoados ficaram interditadas, quatro açudes transbordaram, 19 pontes desabaram ou ficaram danificadas, 34 casas desabaram e 15 tiveram danos parciais. Contudo, o nível do rio Itapecuru, que banha a cidade, diminuiu 5 centímetros, o que já possibilita o acesso a Mirador pela sua ponte principal.

Continuam alagados ou sem acesso por estrada ou ponte os povoados Boi Manso, Escondido, Buritizinho, Taquari, Matias, Campo Grande e Guabiraba. Segundo dados meteorológicos do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc) e do Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (NuGeo/Uema), o estado ainda vai enfrentar um volume de chuvas grande nas próximas semanas. Os temporais mais fortes devem ocorrer entre o fim de janeiro e início de fevereiro. As estimativas dos relatórios apontam para um crescimento do volume de chuvas entre 20% e 80% acima das médias históricas.

Piauí e Minas Gerais

Em Teresina, 511 famílias estão desabrigadas, segundo a Secretaria Municipal de Defesa Civil (Semdef). A previsão para a capital piauiense é de mais chuvas neste final de semana. Desde o início do período chuvoso, várias famílias estão sendo retiradas de áreas de risco. A cidade tem registrado até capturas de cobras e jacarés na zona urbana.

A chuva deu trégua em Minas Gerais, depois de ter invadido casas, deixando mais de 28 mil desabrigados, e encarchado terrenos a ponto de causar desmoronamentos, desabamentos e rompimento de algumas barragens de água. Outras, de rejeitos de mineração, sofreram instabilidades a ponto de mineradoras paralisarem as atividades.

Nesta sexta-feira, o governador Romeu Zema (Novo) visitou a cidade de Raposos, na região metropolitana de Belo Horizonte, uma das mais castigadas pelos temporais. “Um cenário de guerra é o que estamos assistindo aqui. Se a cidade talvez tivesse sido bombardeada, o estrago não teria sido tão grande (…)”, disse. Ele afirmou que vai destinar R$ 560 milhões para a reconstrução de rodovias e estradas e também para ajudar famílias que tiveram suas casas destruídas.


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