São Paulo – O número de vítimas das cheias dos rios devido às fortes chuvas que atingem estados do Nordeste segue em alta. Em diversas regiões da Bahia, onde chove desde o começo de dezembro, se intensificando na véspera do Natal, já são mais de 815.597 pessoas atingidas, segundo dados desta quarta-feira (5) da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec). No dia anterior era 796.882 pessoas. Trata-se de ocorrências registradas em 174 municípios afetados, dos quais 163 foram decretadas em situação de emergência.

Porém, houve ligeira redução no número de desabrigados, que passou de 29.243 para 28.224, e de desalojados, de 73.518 para 73.032. Até o momento foram registrados 26 mortos e 520 feridos. Com recursos estaduais, o governo tem consertado pontes e restabelecido estradas estaduais. Mas muitas localidades ainda estão isoladas. Há previsão de chuvas para a região.

“Seguimos trabalhando na recuperação das cidades atingidas pelas chuvas de dezembro. Hoje, em Santa Cruz da Boa tarde, #Belmonte! Estamos ajudando de imediato em um convênio com a prefeitura para a recuperação das estradas vicinais danificadas pelas chuvas de dezembro. Essas estradas garantem acessibilidade e ajudam a economia, permitindo que os produtores transportem seus materiais”, disse pelas redes sociais o governador Rui Costa (PT).

Ontem, em Ilhéus, ele se reuniu com representantes de países da União Europeia, da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil e da Cáritas, ligada à Igreja Católica para tratar de ajuda.

Emergência no Tocantins

Hoje (6), o governador em exercício do Tocantins Wanderlei Barbosa (sem partido) decretou situação de emergência em todo o estado devido aos estragos causados pelas consequências das chuvas. O decreto permite a dispensa de licitação para a compra de bens e serviços necessários para aliviar os problemas, desde que as obras possam ser concluídas em, no máximo, 180 dias, sendo proibida a prorrogação de contratos.

Com a medida, a Coordenadoria de Proteção e Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros, fica autorizada a mobilizar todos os órgãos e entidades da administração direta e indireta estadual para atuarem nas ações de resposta à situação e de reconstrução dos danos provocados pela força das águas. Autoridades públicas, principalmente os agentes da Defesa Civil, ficam autorizados a entrar em qualquer residência ou estabelecimento para prestar socorro ou determinar a evacuação da construção em risco.

Segundo Defesa Civil estadual, ao menos 296 pessoas tiveram de deixar suas casas em todo o estado. Sem ter para onde ir, foram acolhidas em abrigos públicos. Outras 236 pessoas desalojadas estão nas casas de parentes, amigos, vizinhos ou em hospedagens particulares.

Maranhão

Banhado pelo rio Tocantins, que transbordou, o município de Imperatriz tem vários pontos alagados, deixando desalojadas ou desabrigadas centenas de famílias. De acordo a Defesa Civil do município, 229 famílias tiveram que deixar suas casas para abrigos improvisados pela Prefeitura em escolas, igrejas e quadras de esporte do município.

A forte chuva que caiu pela madrugada piorou a situação com alagamentos e queda de árvores, que afetaram a BR-010, que foi bloqueada antes da desobstrução. As chuvas fortes no município nos últimos quatro dias somou mais de 150 milímetros. O nível do Rio Tocantins na régua do Cais do Porto, localizada na Beira Rio em Imperatriz, atingiu 9,2 metros.

Em Mirador, cidade que praticamente desapareceu debaixo d’água. Segundo levantamento feito pelo governo do estado, cerca de 800 pessoas estão desabrigadas.

Cinco municípios maranhenses já decretaram emergência, conforme informou o Sistema Integrado de Informações de Desastres (S2ID). Os municípios nessa situação são Mirador, Grajaú, Barra do Corda, Jatobá e Paraibano. Em estado de alerta, por causa da elevação do rio Itapecuru, estão os munícipios de Itapecuru-Mirim, Coroatá, Pirapemas, Cantanhede, Santa Rita e Rosário. Há planos de contingência nas áreas de riscos mapeadas pelas coordenadorias municipais.

O Corpo de Bombeiros do estado segue com as operações de auxílio às famílias dos municípios afetados, com retirada das pessoas de áreas de risco, apoio de medicamentos, alimentação e monitoramento da elevação do nível dos principais rios. Coordenadorias estadual e municipais de Defesa Civil e Unidades Operacionais trabalham em conjunto.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta laranja de chuvas intensas em todo o estado do Maranhão. Segundo o órgão, há previsão de chuva entre 30 e 60 milímetros por hora, ou entre 50 a 100 milímetros por dia e, rajadas de ventos entre 60 a 100 km/h.

Chuvas no Piauí

Devido às chuvas em diversos municípios e às previsões de mais tempestades, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), informou que a gestão estadual está para decretar calamidade pública. Os temporais já causam estragos em Teresina e nos municípios de Floriano, Urucuí e Oeiras.

Somente na capital, cerca de 400 famílias foram afetadas. Centenas delas tiveram que deixar suas casas e estão em abrigos montado pelo governo ou na casa de parentes, vizinhos, amigos e conhecidos. Há também 17 mil que vivem em áreas de risco.

Município banhado pelo rio Parnaíba, que transbordou, Floriano teve diversas ruas alagadas. Em Oeiras nenhuma família precisou ser deslocada, porém a prefeitura está alerta, monitorando áreas de risco e os estragos causados pela tempestade desta segunda-feira.

Em Uruçuí, a cheia do Parnaíba também causou alagamentos na malha viária, isolou populações rurais e coloca em risco ribeirinhos e ribeirinhas. Um trecho de rodovia PI-247 , que conecta a região ao resto do estado, foi rompido na semana passada.

“Orientei aos órgãos que continuem o monitoramento, principalmente nas regiões onde há famílias ribeirinhas. Atendimento aos afetados, com ajuda no que for necessário. Seguiremos atentos aos pontos mais críticos e vamos direcionar reforços integrados com as prefeituras locais”, disse Wellington Dias por meio das redes sociais.

Segundo ele, um esforço conjunto da Defesa Civil do Estado, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Departamento de Estradas e Rodagem (DER) e Secretaria de Estado da Assistência Social permitiu a retirada de moradores das áreas de risco. Eles foram realocados para casas de familiares e receberam um auxílio alimentação.

Minas Gerais

Municípios do sul de Minas Gerais continuam sendo castigados pelas chuvas. Em São Lourenço e Pouso Alto houve alagamentos e casas inundadas. Estradas que ligam as duas cidades e que dão acesso ao Rio de Janeiro foram interditadas devido a queda de barreiras e de árvores.

Na madrugada de hoje (6), a água da chuva alagou algumas casas localizadas nas ruas José Fontes Romero e Otto Jargow, em São Lourenço. E caíram barreiras e árvores na BR 354, em Pouso Alto. O trecho entre Caxambu e o trevo para São Lourenço, quilômetro 720, está interditado. Na noite de ontem, uma chuva forte em Lambari causou um deslizamento de terra na Rodovia Renato Nascimento, na altura do quilômetro 11.