Documento final

G20 anuncia compromisso para limitar aumento da temperatura global

Sem falar em data para neutralidade de carbono, líderes das maiores economias mundiais também suspendem financiamento a novos projetos de usinas a carvão já em 2021

G20/divulgação
G20/divulgação
Sem Bolsonaro, que teve confirmada sua condição de pária internacional, líderes do G20 posam para foto na Fontana de Trevi, em Roma

São Paulo – Os líderes das 20 principais economias do planeta, o G20, anunciaram neste domingo (31), em Roma, que firmaram compromisso para tentar conter as mudanças climáticas. O objetivo anunciado do acordo é limitar o aquecimento global a 1,5 °C e encerrar financiamentos públicos a novas usinas a carvão, segundo o documento final do encontro. O grupo pediu ação “significativa e efetiva” para limitar o aquecimento global, mas ofereceu poucas medidas concretas. A expectativa é que a urgência climática em que se encontra o planeta seja debatida com mais profundidade durante a COP26, em Glasgow, na Escócia, que começou também neste domingo.

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Os líderes globais preferiram tomar posição em defesa de suas economias, razão pela qual, entre as medidas destacadas no documento final do encontro está o de retomar viagens internacionais. A ideia é tornar os deslocamentos entre países seguros, do ponto de vista sanitário, além de justo, do ponto de vista dos direitos dos trabalhadores, entre outras abordagens. “Nós nos esforçaremos em retomar as viagens internacionais de modo seguro e organizado, em conformidade com o trabalho de organizações internacionais, tais como a OMS, OACI (Organização da Aviação Civil Internacional), OMI (Organização Marítima Internacional) e OCDE”, indica o comunicado da cúpula.

Pandemia e economia

A declaração do G20 expressa preocupação pelos efeitos econômicos da pandemia de covid-19. “Continuamos profundamente preocupados com o efeito da crise no desenvolvimento sustentável, especialmente nos países em desenvolvimento, o que já desacelerou o progresso para atingir os objetivos da Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável. Confirmamos nosso compromisso com a reação global para a aceleração do progresso para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável e apoio à recuperação sustentável e abrangente da economia mundial”, diz o comunicado.

O documento cita ainda compromissos para aumentar o fornecimento de vacinas contra o coronavírus aos países em desenvolvimento e aborda a questão dos migrantes, exortando à inclusão de refugiados pelos países, e ao mesmo tempo procurando deter movimentos de imigração ilegal.

A questão climática

Não foi definida pelo G20 uma data precisa para a neutralidade de carbono. O acordo diz apenas “por volta da metade do século”. “Vamos acelerar nossas ações através da mitigação, adaptação e finanças, reconhecendo a importância fundamental de zerar as emissões de gases de efeito estufa global ou alcançar a neutralidade de carbono por volta da metade do século e a necessidade de fortalecer os esforços globais necessários para alcançar os objetivos do Acordo de Paris”, afirma o documento.

Por outro lado, apesar de algumas potências do G20 ainda serem dependentes do carvão para geração de energia – como China e Índia –, o grupo defendeu a suspensão dos subsídios a novos projetos de usinas a carvão no exterior já para este ano.

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Diferentemente das emissões nas grandes potências, no Brasil – que está isolado neste encontro da cúpula mesmo com a presença do presidente Jair Bolsonaro em Roma –, as principais agressões à camada de ozônio não são resultado da queima do carvão, mas do desmatamento ilegal dos principais biomas do país.

A cúpula do G20 foi realizada entre ontem e hoje (31) em Roma, capital da Itália, envolvendo os países com as maiores economias do mundo. O grupo foi criado em 1999 por iniciativa dos EUA e do Canadá, tornando-se uma cúpula anual da qual participam os líderes e os ministros das Finanças de 19 países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Austrália, Argentina, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, EUA, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia, além da União Europeia.