Encontro mundial

‘Da delegação oficial não podemos esperar nada’, diz deputado sobre Brasil na COP26

Segundo Nilto Tatto (PT-SP), representação do governo em Glasgow foi organizada a partir de interesses do agronegócio. “Brasil de verdade”, segundo ele, estará presente com movimentos populares, ONGs e parlamentares que vão denunciar a política de devastação ambiental de Bolsonaro

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"O governo brasileiro está na contramão daquilo que a humanidade pede para se fazer", afirma Nilto Tatto

São Paulo – Para o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), a delegação oficial do governo brasileiro que vai a Glasgow, na Escócia, na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), vai tentar passar uma imagem irreal do país para o restante do mundo. Com interesses comerciais ameaçados em função do cerco internacional ao desmonte das políticas ambientais sob a gestão Bolsonaro, representantes do governo vão tentar apresentar um cenário que não existe, segundo o parlamentar.

“Da delegação oficial brasileira em Glasgow a gente não pode esperar nada.
O governo Bolsonaro estava em uma estratégia de abandonar o Acordo de Paris, seguindo a mesma linha dos Estados Unidos quando governado por (Donald) Trump, tanto é que o Brasil esteve ausente dessas negociações até pouco tempo atrás”, aponta Tatto, em entrevista ao programa Revista Brasil TVT, que vai ao ar neste domingo (31), a partir das 18h, na TVT e na Rádio Brasil Atual.

Segundo o deputado, o governo federal estará presente “com o maior estande que já teve em uma conferência”. O que não significaria exatamente uma preocupação maior com a questão ambiental. “Isto é organizado a partir do Ministério da Agricultura, da Frente Parlamentar da Agropecuária, ou seja, da bancada ruralista, com a Confederação Nacional da Agricultura e a Confederação Nacional da Indústria. É uma estratégia para dizer que o Brasil está fazendo a lição de casa na perspectiva do desenvolvimento sustentável”, pontua.

“Mas aí tem um outro Brasil, de verdade, que vai estar presente lá, que são os movimentos populares, a sociedade civil organizada, as ONGs, os parlamentares dos partidos de oposição, para mostrar que o governo brasileiro, com Bolsonaro, vem fazendo tudo ao contrário daquilo que o país já tinha se comprometido para diminuir as emissões de gases de efeito estufa”, afirma.

O Brasil na contramão

No Acordo de Paris, de 2015, cada signatário se comprometeu a colaborar com a meta global de redução de emissões de gases de efeito estufa por meio das chamadas contribuições nacionalmente determinadas (NDCs). O Brasil assumiu o compromisso de reduzir as emissões de gases do efeito estufa do País em 37% até 2025 e em 43% até o ano de 2030.

Com a atualização de metas apresentada em 2020, o país passou a ter um objetivo ainda menos ambicioso do que o combinado em Paris, o que resultou em uma ação civil pública protocolada na terça-feira (26), na Justiça Federal do Amazonas, por jovens ativistas brasileiros do Engajamundo e do Fridays for Future.

No ano passado, o Brasil teve um aumento de 9,5% de emissões de gases de efeito estufa, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima. Um movimento contrário ao resto do mundo, já que a média global em 2020 sofreu uma redução de 7% em função da pandemia.

“O governo brasileiro está na contramão daquilo que a humanidade pede para se fazer. Nós vamos ter a presença de líderes de mais de cem nações, presidentes e primeiros-ministros. O Brasil está entre os oito países que mais emitem gases de efeito estufa e seria fundamental que estivesse lá com a mesma estratégia que teve até recentemente, se comprometendo e chamando a responsabilidade dos outros países para que o mundo todo diminua as emissões”, defende Tatto.

COP26 no Jornal Brasil Atual

A partir desta segunda-feira (1º), o Jornal Brasil Atual, transmitido pela TVT e Rádio Brasil Atual, vai contar com a participação diária do ativista e cofundador da Uneafro Douglas Belchior, direto de Glasgow.

Ele vai participar da COP26 integrando a comitiva da Coalizão Negra por Direitos junto a organizações como a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq). O programa vai ao ar a partir das 7h.

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