tempo de agir

ONU apela para países do Conselho de Segurança na luta contra as mudanças climáticas

“Nossa janela de oportunidade está se fechando rapidamente”, argumentou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em reunião do Conselho de Segurança que antecipa temas da COP 26

Unsplash/Maxim Tolchinskiy/News UN
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"Precisamos de um corte de 45% nas emissões globais até 2030", defendeu o secretário-geral, António Guterres

São Paulo – O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, convocou uma reunião na última quinta-feira (23) com os Estados-membro do Conselho de Segurança da ONU — em pauta, a preocupação do órgão com as mudanças climáticas. O encontro fez parte de uma série de iniciativas que antecedem a 26ª Conferência sobre as Alterações Climáticas (COP 26). O evento mais importante sobre crises climáticas desde o acordo de Paris de 2015 está previsto para novembro, em Glasgow, na Escócia. “Nossa janela de oportunidade está se fechando rapidamente”, argumentou Guterres.

O argumento central de Guterres para o alerta partiu do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). O documento divulgado no dia 9 de agosto traz uma série de estudos e métricas que apontam para a irreversibilidade dos danos provocados pelo ser humano no equilíbrio do clima. “É necessária uma ação climática muito mais ousada para manter a paz e a segurança internacionais”, disse Guterres aos líderes dos cinco membros permanentes do Conselho e mais 10 eleitos com mandatos de dois anos.

Guterres alertou que o mundo passa por um período de enchentes e incêndios. Os eventos extremos devem ser cada vez mais constantes sem uma ação dura no sentido de reduzir bruscamente a emissão de gases do efeito estufa. “Nenhuma região está imune e a crise climática é particularmente profunda em situações onde existe agravamento por conflitos”, disse. Diante disso, ele instou que os países ampliem significativamente os esforços, em especial países do G20, grupo das 20 maiores economias mundiais com maior grau de industrialização.

Urgente

Embora os estudos do IPCC apontem que os danos são, em certo grau, irreversíveis, Guterres alertou que é possível mitigar os estragos. “Não é tarde para agir, mas temos que ter prioridades absolutas”, destacou o representante da ONU preocupado com as mudanças climáticas. Entre elas, está a fixação do limite máximo do aquecimento global em 1,5 graus Celsius. Para isso, “coletivamente, precisamos de um corte de 45% nas emissões globais até 2030”, defendeu o secretário-geral. “Todos nós fazemos parte da solução. Vamos todos trabalhar juntos para mitigar e nos adaptar às mudanças climáticas para construir sociedades pacíficas e resilientes”, completou.

A reunião contou com mediação do primeiro-ministro da Irlanda, Micheál Martin, que destacou a importância do Conselho de Segurança assumir uma posição de protagonismo nesse enfrentamento. “As pessoas afetadas por conflitos causados pelas mudanças climáticas dependem da liderança deste Conselho. Agora é o momento de agir”, disse.

Guterres, por sua vez, saudou a fala de Martin, e apontou para resultados já alcançados em locais de influência do Conselho. “O Mecanismo de Segurança Climática está apoiando missões de campo, equipes nacionais e organizações regionais e sub-regionais. O trabalho está ganhando força em países e regiões onde o Conselho de Segurança reconheceu que as mudanças climáticas e ecológicas estão minando a estabilidade”, finalizou.


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