derrubada

Governo recua e anuncia que vai manter verba para ações na Amazônia e Pantanal

Após Salles anunciar suspensão de operações de proteção das florestas, Mourão chama ministro de “precipitado” e diz que cortes não ocorrerão

Chico Ribeiro/Gov_MS - Arquivos ABr e PR
Chico Ribeiro/Gov_MS - Arquivos ABr e PR
Governo mandou cortar verbas do Meio Ambiente, que anunciou suspensão de proteção à floresta e levou a recuo do corte. Disputa de poder, enquanto floresta é devastada

São Paulo – Em um novo episódio de desencontro e confusão, o governo decidiu recuar de bloquear R$ 60 milhões de recursos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O recuo foi anunciado pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão, poucas horas depois de o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ter divulgado nota em que comunicava a suspensão de operações de proteção na Amazônia e no Pantanal.

“O Ministério do Meio Ambiente informa que na tarde de hoje houve o desbloqueio financeiro dos recursos do Ibama e ICMBio e que, portanto, as operações de combate ao desmatamento ilegal e às queimadas prosseguirão normalmente”, diz a nota atualizada. As verbas já estavam previstas no orçamento de 2020.

Bate-boca

Logo após o comunicado, o vice-presidente Hamilton Mourão, que preside o Conselho da Amazônia Legal, declarou que Ricardo Salles foi “precipitado”. Ele criticou o colega por ter anunciado a suspensão das operações na Floresta Amazônica e no Pantanal. E negou que o governo planeja o bloqueio orçamentário de R$ 60,6 milhões dos dois institutos.

O general atribuiu o remanejamento de recursos ao pagamento do auxílio-emergencial a trabalhadores informais durante a pandemia da covid-19. No entanto, garantiu que as ações ambientais não serão paralisadas. “O ministro se precipitou, pô. Precipitação do ministro Ricardo Salles. O que está acontecendo? O governo está buscando recursos para poder pagar o auxílio emergencial, é isso que eu estou chegando à conclusão. Então está tirando recursos de todos os ministérios. Cada ministério oferece aquilo que pode oferecer, né?”, disse a jornalistas no Palácio do Planalto.

Mais tarde, Salles afirmou que a verba só foi liberada após sua pasta ter expedido o anúncio da suspensão das operações contra desmatamento e combate a incêndios. Em sua primeira nota, o ministro afirmou que o corte foi comunicado ao Meio Ambiente pelo Ministério da Economia. Esse, por sua vez, disse estar cumprindo decisão da Secretaria de Governo e da Casa Civil da Presidência da República.