SEM ATITUDE

‘Governo é duvidoso e vacilante’, diz deputado na instalação da CPI do óleo no Nordeste

Comissão instalada com apoio de 267 assinaturas quer punição para culpados do maior crime ambiental do litoral brasileiro, que ultrapassa 2 mil quilômetros de praias atingidas

Simone Santos/ Projeto Praia Limpa Fonte: Agência Senado
Simone Santos/ Projeto Praia Limpa Fonte: Agência Senado
"As questões ambientais têm pouca importância para Bolsonaro. O mundo cobra do Brasil, que tem responsabilidade grande com meio ambiente", disse deputado

São Paulo – A falta de iniciativa e o descaso do governo Bolsonaro em relação ao vazamento de óleo nas praias do Nordeste foram criticados hoje (27) por deputados durante instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema. “Foram mais de 30 dias para Bolsonaro tomar o primeiro ato. Uma omissão total, repetindo a omissão nas queimadas da Amazônia”, disse Gervásio Agripino Maia (PSB-PB).

A CPI foi instalada com apoio de 267 assinaturas entre os 513 deputados da Casa. Foi iniciativa de João Campos (PSB-PE) e vai investigar os crimes envolvidos no derramamento de óleo no litoral brasileiro, bem como a omissão do governo. “As questões ambientais têm pouca importância para Bolsonaro. O mundo cobra do Brasil,  que tem responsabilidade grande com meio ambiente. Vamos apurar e buscar ferramentas para aprimorar a legislação. Não vai ser fácil com esse governo, que não tem interesse em  descobrir o que já teria de ter sido descoberto”, criticou Gervásio.

“Vamos precisar do apoio do presidente da Casa (Rodrigo Maia) e mais ainda, porque o comportamento do governo é duvidoso e vacilante. Mais de 100 animais apareceram manchados de óleo, a fauna atacada no mar, com impacto no turismo e ainda traz impactos na economia. Vamos cobrar das autoridades que se omitiram, que vacilaram nesse crime que mexeu com todo o Brasil”, disse ainda. Ele defendeu que os culpados sejam colocados na cadeia e destacou que “tem gente forte por trás disso”, referindo-se aos interesses econômicos na exploração do petróleo.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) lembrou do crime ambiental no Golfo do México (EUA), com a explosão da plataforma Deepwater Horizon, que ocorreu em 20 de abril de 2010. Ela destacou que nessa região a fauna e flora ainda não foram recuperadas por conta da gravidade do crime. E defendeu que a CPI atue não apenas em relação ao aspecto da punição dos culpados, mas também procure realizar um diagnóstico para aprofundar o conhecimento sobre o que aconteceu. “Para nós é importante saber como os resíduos contaminam o ecossistema”.

Na instalação da CPI, por unanimidade, após acordo partidário, o deputado Herculano Passos (MDB-SP) foi eleito presidente do colegiado, que indicou o deputado João H. Campos (PSB-PE) para a relatoria. Também foram eleitos os deputados Adolfo Viana (PSDB-BA), Eduardo Bismarck (PDT-CE) e Leur Lomanto Júnior (DEM-BA), respectivamente, para as três vice-presidências.

Campos deve apresentar o roteiro de trabalho formalmente na próxima reunião da CPI, prevista para quinta-feira (28). Segundo ele, a intenção é investigar a origem do vazamento, analisar as medidas tomadas “e que deixaram de ser tomadas pelo governo”, punir os culpados e aperfeiçoar a legislação. Ele pretende ouvir as autoridades envolvidas na investigação, cientistas e “todos que militam na causa ambiental”.

* Com informações da Agência Câmara

Leia também

Últimas notícias