Poluição marinha

A cada minuto, um caminhão cheio de lixo plástico é praticamente despejado no mar

Campanha da ONU faz alerta quanto ao consumo e descarte desse material, que tem prejudicado a fauna marinha, e cobra conscientização das pessoas às empresas. Contaminação dos oceanos cria problemas também para a espécie humana

Fernando Frazão/EBC
Fernando Frazão/EBC
Cerca de 8 milhões de toneladas de plásticos vão parar nos mares. E mais de 800 espécies marinhas são prejudicadas

São Paulo – Foi lançada nesta segunda-feira (11) pela Organização das Nações Unidas (ONU) a iniciativa “O que há no seu banheiro?”, que integra a campanha Mares Limposchamando atenção para a poluição dos oceanos por plásticos e o consumo de produtos com esse material. De acordo com Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a cada ano cerca de 8 milhões de toneladas desse tipo de produto vão parar nos mares, o que equivale dizer que um caminhão de lixo cheio de plástico é jogado no oceano a cada minuto.

O objetivo da campanha, que se encerra no domingo (17), é sensibilizar as pessoas quanto à presença desse material nos produtos de higiene e de apelo estético. Mas também criar um ciclo a partir dessa conscientização quanto ao papel dos consumidores, que podem pressionar as empresas pela busca de outras formas de apresentação de seus produtos e que não tenham, fundamentalmente, os microplásticos, absolutamente danosos os meio ambiente e à saúde, como destaca o  professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Ribeiro.

“Tudo isso acaba de alguma maneira chegando aos oceanos. Estamos falando de micropartículas, que acabam entrando pelo sistema de esgoto – quando ele existe; quando ele não existe vai para os cursos d’água – e, naturalmente, todo esse sistema de drenagem acaba levando até os oceanos e, ao chegar nos oceanos, nós temos implicações seríssimas para a fauna, que vai acabar ingerindo essas partículas e, pela cadeia alimentar, os crustáceos acabam ingerindo, os peixes e, no final, nós também nos alimentamos desse tipo de material quando consumimos o peixe”, explica o geógrafo ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual. “Alguns tipos de câncer estão associados também a esse tipo de alimentação, que você não tem como averiguar corretamente, dada a dimensão das micropartículas”, acrescenta.

O Pnuma aponta ainda que, entre 60 a 90% da areia que se acumula nas linhas costeiras, superfícies e o fundo do mar já têm plástico. Os itens mais comuns recolhidos são sacolas, recipientes de alimentos, bebidas e pontas de cigarro. “Isso também tem implicações muito sérias para a saúde, principalmente associadas ao problema de peles”, alerta Ribeiro.

A agência da ONU estima que, hoje, o lixo marinho tem prejudicado mais de 800 espécies no mar. Quinze delas já estão ameaçadas de extinção.

Ouça a entrevista na íntegra