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Manchas de óleo no Nordeste indicam ‘problema transfronteiriço’

Investigações indicam que óleo teria sido extraído na Venezuela. Geógrafo da USP trata dos impactos do derramamento e do Sínodo da Amazônia

SECOM/Sergipe
SECOM/Sergipe
Barris de óleo foram encontrados na costa sergipana no fim de setembro

São Paulo – O vazamento de óleo no litoral do Nordeste atinge ao menos 138 localidades em nove estados, segundo o Ibama. Investigações “sigilosas” realizadas pela Marinha e Petrobras divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo apontam que petróleo seria do mesmo tipo que o extraído da Venezuela, mas as informações não foram confirmadas publicamente. Os impactos já são sentidos pela fauna da região e também pela população, em especial os pescadores.

Para o professor do Departamento de Geografia da USP e do Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental Wagner Ribeiro, “estamos diante de um problema transfronteiriço, ao que tudo indica”. Em seu comentário no Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (9), Ribeiro destaca que até mesmo a reprodução de baleias jubarte, no litoral norte da Bahia, está ameaçada.

“O vazamento atinge desde o Maranhão até Sergipe, chegando ao norte da Bahia. Traz implicações para a população, que depende da pesca para sobreviver, por exemplo, seja para alimentação, seja para comercialização. É de fato um grande impacto ambiental e social. É preciso cautela para identificar a origem, além de promover ações de contenção, o quanto antes”, disse o professor.

A Marinha investiga as hipóteses de naufrágio ou derramamento acidental. Vazamento direto do subsolo ou lavagem de tanque em navios são apontadas como possibilidades remotas, diante do volume de óleo recolhido nas praias atingidas.

Sínodo da Amazônia

Wagner Ribeiro também destacou o Sínodo da Amazônia, que reúne bispos da Igreja Católica, sob liderança do papa Francisco, para tratar dos desafios religiosos, sociais, culturais e ambientais na região. Ele comparou com a articulação entre religiosos e movimentos no combate à ditadura, nas décadas de 1970 e 1980. “Pode ser, de novo, um momento de capilarização da mensagem da conservação ambiental e da necessidade de manutenção das diversas formas culturais presentes na Amazônia.”

Na segunda-feira (7), o cardeal  brasileiro dom Cláudio Hummes afirmou que “a vida na Amazônia talvez nunca tenha estado tão ameaçada como hoje”, e defendeu a demarcação de terras indígenas na região, divergindo abertamente do presidente Jair Bolsonaro que reiteradamente diz que não vão haver a ampliação das áreas demarcadas. Ao final do encontro, que vai até o dia 27 de outubro, a Igreja Católica deve apresentar documento sobre à importância ambiental da Região Amazônica para o mundo e também faz a defesa da diversidade cultural dos povos da região.

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