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Ato inter-religioso se solidariza com Sínodo da Amazônia, mas não cita perseguição

Alvo de investigação do governo Bolsonaro, encontro no Vaticano que discute futuro região tem apoio de lideranças de diversas religões

Luciney Martins - o são paulo
Luciney Martins - o são paulo
Representantes de diversas religiões estiveram presentes na Catedral da Sé, em São Paulo, para apoiar a realização do Sínodo da Amazônia

Diversas lideranças religiosas participaram de um encontro na Catedral da Sé, região central de São Paulo (SP), para declarar solidariedade ao Sínodo da Amazônia, que ocorrerá entre os dias 6 e 27 de outubro no Vaticano. Durante o ato, que aconteceu na noite desta segunda-feira (30), os líderes religiosos evitaram criticar o governo federal ou o presidente Jair Bolsonaro, que confirmou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitora o Sínodo.

Assista acima à reportagem da TVT e leia as informações do Brasil de Fato.

Lido antes do início do ato, um documento elaborado pelos representantes das religiões, sem citar políticos ou governos, criticou a perseguição ao encontro no Vaticano. “Não se sustenta a suspeita levantada em ambientes nacionalistas, de que o Sínodo atende a interesses internacionais na Amazônia.”

Relator do Sínodo da Amazônia, Dom Claudio Hummes citou os três eixos do encontro convocado pelo Papa Francisco. “Devemos levar Deus àquela religião e tratar da promoção dos direitos dos povos indígenas e da natureza”, explicou o religioso.

“Juntos vamos pensar as grandes causas da humanidade. O Sínodo não é fechado, não é exclusivo, ele é inclusivo. A crise amazônica é grave. Vivemos uma grande crise socioambiental”, explicou Hummes, dando o tom do encontro.

É justamente em relação às críticas à política brasileira para a Amazônia que teria despertado a curiosidade do governo federal, que por meio da Abin investiga os líderes católicos brasileiros. O episódio, no entanto, não foi comentado pelos religiosos.

Apoio ao Sínodo

Arcebispo Cardeal da Arquidiocese de São Paulo, Dom Odilo Sherer, falou sobre a disposição de diversos setores para debater as questões ligadas ao meio ambiente. “Esse interesse pela Amazônia já significa muita coisa. Algo está acontecendo com o povo brasileiro, com nossas consciências, com os governos.”

O Sheik Al Bukai citou o Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio, para fazer um paralelo com o Sínodo. “A reunião de hoje trata de um suicídio coletivo que o ser humano comete contra a natureza. Eu quero desejar que o Sínodo da Amazônia seja uma luz que ilumine os corações dos governantes.”

Para o pastor Ariovaldo Ramos, o encontro no Vaticano pode indicar um caminho para a crise ambiental. “Quando o Criador colocou o homem no planeta, nos deu a tarefa de governar o planeta. Falhamos, mas há sempre esperança, o Sínodo é a esperança. Que tenha sucesso.”

Sacerdotisa do Candomblé, Adriana de Nanã lembrou que sua religião mantém uma relação estreita com a natureza. “Nossos orixás estão na natureza, na água, no ar, na terra. Eu peço a manutenção da natureza. Os povos originários são assassinados todos os dias, como a natureza. Que esse Sínodo permita que todos nós mudemos a nossa história”, declarou a religiosa.

Também estiveram presentes no ato, o rabino Alexandre Leone, o monge budista Ryozan, o professor kardecista Afonso Moreira Jr., Sérgio Storch, da organização Judeus Progessistas.

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