Vida sustentável

Povos tradicionais da Amazônia sofrem o mesmo descaso que Bolsonaro tem pela floresta

Debate na USP reuniu pesquisadores para analisar os impactos sofridos por ribeirinhos, quilombolas e indígenas na maior floresta tropical do mundo

Tomaz Silva/Agência Brasil
Tomaz Silva/Agência Brasil
Professor de Geografia da Universidade Federal de Rondônia, Josué Costa enfatiza que ribeirinhos, quilombolas e indígenas são importantes para o país ao cultivar a prática do “bem viver”, um modo sustentável e integrado à natureza

São Paulo — Pesquisadores de quatro universidades públicas do Brasil se reuniram nesta segunda-feira (2), no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), para debater estudos sobre os povos tradicionais da floresta, como quilombolas, indígenas e ribeirinhos, que vivem no Baixo Rio Branco, na divisa entre Roraima e Amazonas. Comunidades tradicionais e povos indígenas são os que mais sofrem com as queimadas e desmatamentos ilegais na Amazônia.

Segundo Wagner Ribeiro, professor do Departamento de Geografia da USP e do Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental, as comunidades tradicionais conseguem manter seu estilo de vida integrado aos fluxos naturais da floresta. “Isso mostra que é possível pensar num modelo de desenvolvimento da Amazônia que mantenha as comunidades que lá vivem”, afirma, em entrevista ao programa Seu Jornal, da TVT, destacando que tais comunidades são responsáveis por prover serviços ambientais importantes.

Também professor de Geografia, porém da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Josué Costa avalia que o descaso demonstrado pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) com os povos tradicionais é o mesmo evidenciado com o meio ambiente.

Costa enfatiza que ribeirinhos, quilombolas e indígenas são importantes para o país ao cultivar a prática do “bem viver”, um modo sustentável e integrado à natureza. “Ao resgatar a forma como nos relacionamos com a natureza, nós definimos um novo padrão de vida e de compreensão do mundo. O bem viver dá prioridade ao aspecto da vida e não ao aspecto da mercadoria. O que está sob risco são as organizações e o modo de vida das populações tradicionais.” Para ele, o plano de “avanço” do país não se propõe a integrar essas comunidades.

Já a geógrafa Maria Madalena Cavalcante, também da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), afirma que a disputa pela Amazônia não é de hoje, mas se intensifica no governo de Bolsonaro. “Todo o projeto de infraestrutura e levantamento de potencial de mineração, vem ainda do período militar, eles só vão se concretizando com o passar do tempo. E agora isso se abre não só para a interligação de infraestrutura, como para a possibilidade de exploração do subsolo da Amazônia e da exploração de florestas para organismo internacionais”, explica Maria Madalena.

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