aquecimento global

Oceanos mais quentes e improdutivos devem provocar onda de refugiados do clima

Novo estudo das Nações Unidas aponta que, no atual ritmo, até 2100, oceanos podem subir um metro, alagando grandes porções de terras habitadas

UNICEF/Vlad Sokhin
UNICEF/Vlad Sokhin
Esta previsto o aumento exponencial de refugiados do clima; pessoas que serão obrigadas a deixar suas casas e cidades por conta de fatores climáticos extremos, que tornarão regiões inabitáveis

São Paulo – Os oceanos estão mais quentes, mais ácidos e menos produtivos. O nível do mar aumenta em uma taxa atual de 3,6 milímetros por ano. O ritmo pode acelerar caso medidas de alteração nos métodos de produção não sejam tomadas. A previsão é de que, até 2100, os oceanos subam um metro, alagando grandes porções densamente habitadas do planeta. Os dados foram divulgados ontem (25) pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Além da subida no nível dos mares, as alterações climáticas devem provocar eventos extremos, como maior incidência de chuvas e de enchentes. “Há indicadores de que, com qualquer grau de aquecimento global, eventos que ocorriam uma vez a cada século no passado ocorram a cada ano em diversas regiões, aumentando o risco para muitas cidades costeiras abaixo do nível do mar e regiões insulares”, afirma o IPCC.

Como reflexo inevitável, está previsto o aumento exponencial de refugiados do clima; pessoas que serão obrigadas a deixar suas casas e cidades por conta de fatores climáticos extremos, que tornarão regiões inabitáveis. É o caso de ilhas do Pacífico, tais como Kiribati.

O arquipélago paradisíaco é formado, majoritariamente, de atóis que se elevam apenas um ou dois metros acima do nível do mar. O efeito do aumento do nível do Pacífico já é visível. Algumas ilhotas já não são mais habitáveis. O país conta com 100.000 habitantes que vivem, em sua maioria, da pesca e agricultura.

A chefe do Departamento de Desenvolvimento Sustentável de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, Madhushree Chatterjee, destaca os “efeitos devastadores” para as sociedades humanas, no que diz respeito à produção. “Muitas pessoas dependem da agricultura e muitas comunidades estão estabelecidas ao redor de rios (…) Os refugiados do clima são inevitáveis e ninguém está falando sobre isso”.

Medidas

O relatório foi produzido por mais de 100 autores de 36 países, a partir de cerca de 7 mil publicações científicas. “O relatório é peça chave para os líderes mundiais que se reúnem em negociações sobre o clima e o meio ambiente, como a Convenção Quadro sobre Mudança Climática da ONU (COP25) que ocorre em dezembro, no Chile”, afirma a ONU.

Para as áreas mais debilitadas, a entidade recomenda evitar a pesca predatória, preservar o arrecifes de corais, e buscar acordos climáticos mais arrojados entre os países mais emissores de gases do efeito estufa. “Precisamos identificar medidas para alcançar um equilíbrio entre a economia azul e a conservação dos ecossistemas. Temos acordos, mas a questão é que eles devem ser cumpridos e estimulados por todos os países”, disse Chatterjee, ao dar atenção especial para a Agenda 2030 da ONU.

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