Saúde e meio ambiente

Especialistas debatem como chegar ao aproveitamento total de resíduos sólidos urbanos

Grupo se reúne em São Paulo para discutir medidas que impeçam o desperdício de materiais recicláveis e compostáveis

Arquivo/EBC
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Governo Bolsonaro incentiva a queima de resíduos sólidos ao invés da reciclagem, que além de criar emprego, é melhor para a saúde humana e o meio ambiente

São Paulo – Um grupo de especialistas do Brasil e do exterior se reúne nesta terça-feira (10), em São Paulo, para o Encontro Latino Americano contra a Destruição de Resíduos Sólidos Urbanos – Caminhos para Desperdício Zero no Brasil. O objetivo do grupo é construir um plano de trabalho, com definição metodológica, resultados e ações, contra a destruição de materiais recicláveis e compostáveis, tanto em aterros sanitários, quanto em incineradores e sementeiras.

“Queremos a construção de uma ferramenta para podermos trazer essa contribuição à sociedade brasileira, para poder entender e se somar a esse debate, que é bom para a saúde humana e o meio ambiente”, explica Elisabeth Grimberg, coordenador da área de resíduos sólidos do Instituto Pólis, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.

O encontro também servirá para debater medidas recentes do governo de Jair Bolsonaro (PSL) para o setor, como o Programa Nacional Lixão Zero e a Portaria 274, que regulamenta a queima de matérias primas recicláveis e compostáveis, as quais, ela destaca, tem grande valor para a reciclagem, além de criar emprego. Ambas as medidas foram publicadas pelo governo federal no último dia 30 de abril.

Representante da América Latina no Comitê Consultivo Global da Rede Gaia (Aliança Global Alternativa da Incineração, na sigla em inglês), Elisabeth destaca que a queima desses produtos causam impactos na saúde humana, com a emissão de substâncias tóxicas e cancerígenas. Ela pondera que a Política Nacional de Resíduos Sólidos determina que apenas rejeitos sejam encaminhados para os aterros sanitários. “Assim se configura um desperdício e uma ameaça essas duas medidas publicadas no mesmo dia”, afirma.

Um dos problemas apontados pelo Programa Lixão Zero, é o “recado” dado aos municípios para investirem na queima e não na coleta seletiva de três tipos: orgânicos, recicláveis e os rejeitos — esse último sim seus destinos devem ser os aterros. Outro problema no Brasil é o descarte dos produtos plásticos, enquanto na Europa já há o debate avançado no sentido de banir todos os produtos descartáveis até 2023.

“Quando se usa a Europa como exemplo, não é para importar modelo, é para a gente se inspirar em medidas e decisões”, explica Elisabeth, também co-promotora da Aliança Resíduo Zero do Brasil.

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