Consequências das queimadas

Gestora desmente Bolsonaro: marcas estrangeiras vão suspender compras de couro brasileiro

Sem confirmar com Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, Bolsonaro usou seu Twitter para negar notícia, agora oficializada pela gestora de 18 grifes como Kipling, Timberland e Vans

Antonio Cruz/EBC
Antonio Cruz/EBC
De acordo com presidente do CICB, exportação do couro rende US$ 2 bilhões, mas agora fica em xeque por aumento de queimadas na Amazônia

São Paulo – Ao menos 18 marcas estrangeiras do setor de vestuário, entre elas Kipling, Timberland e Vans, irão suspender a importação do couro brasileiro em função do aumento das queimadas na Amazônia. O anúncio foi confirmado em nota enviada ao jornal Folha de S. Paulo, nesta quinta-feira (29), na qual a gestora VF Corporation diz que as marcas não irão se abastecer do couro e curtume nacionais “até que haja segurança de que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no país”.

A notícia vem após o presidente Jair Bolsonaro tentar negar a medida, na quarta-feira anterior, pelo Twitter, afirmando que as exportações de couro pelo grupo de empresas seguiam normais e que o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) teria negado a suspensão, posição que não foi confirmada pela entidade que, no início desta semana, já havia comunicado o governo quanto aos efeitos negativos das queimadas sobre o setor, que levaram o Brasil a uma crise ambiental internacional.

De acordo com o presidente do CICB, José Fernando Bello, ao jornal,  a gestora das marcas informou à entidade que poderia cancelar a exportação, pedindo, num primeiro momento, informações adicionais referente aos curtumes, uma garantia de rastreabilidade, deixando claro que enquanto essa demanda com relação às certificações não fossem atendidas,  a VF Corporation não iria fazer novos pedidos.

Enquanto Bolsonaro preferiu atribuir as notícias “àqueles que torcem contra o país” e segue protagonizando o acirramento de conflitos diplomáticos com outras nações, em  entrevista ao site do El Paísapós a repercussão nesta quarta, o presidente do CICB acrescentou a urgência quanto à contenção de danos à imagem do país no mercado externo. Segundo Bello, as consequências pela reação tardia do governo às queimadas e o aumento do desmatamento da Amazônia pode abalar a economia nacional. O país chega a arrecadar estimados US$ 2 bilhões por ano com vendas de couro.