Insegurança alimentar

Esgoto na Billings ameaça alimentação de indígenas Guaranis

Em períodos de pouca chuva, como o inverno, mesmo com preservação da comunidade, poluição no corpo central da represa tem avançado e contaminado peixes

TVT/Reprodução
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De acordo com gestor ambiental e indigenista, em março já houve uma grande mortandade de peixes contaminados pelo esgoto e poluição da água da represa entre São Paulo e Diadema, que aporta no território indígena

São Paulo – Indígenas guaranis que vivem à margem da represa Billings, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, estão com a segurança alimentar ameaçada. Dependentes da agricultura e da pesca proveniente do braço de rio da região, em períodos de pouca chuva como o inverno, os impactos da poluição na Billings ficam mais evidentes aos povos originários.

Na aldeia Guyrapaju, cercada pela Mata Atlântica, a liderança guarani Karay Mirim relata ao repórter Jô Miyagui, do Seu Jornal, da TVT, que a comunidade tem deixado de pescar, por exemplo, por receio de que os peixes estejam contaminados. “Olhando para a água já dá para perceber isso (poluição), porque vem um volume esverdeado que dá para perceber que ela não está boa”, explica Mirim. “Quando eu tinha 6, 7 anos, lembro que a gente pescava muito e isso traz um pouco de saudade da infância”, recorda.

Pesquisadora e professora em gestão ambiental pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), Marta Marcondes, que coleta e analisa a qualidade da água da Billings em diversos pontos, afirma que o avanço da poluição sobre o território indígena, onde a água tem qualidade razoável, pode ser em decorrência de um baixo volume de água ou do aporte maior do corpo central da represa, entre São Paulo e Diadema, que tem os piores índices de qualidade. “O corpo central acaba comprometendo os braços (do rio) que são mais limpos”, ressalta a especialista.

O indigenista e gestor ambiental Edmilson Gonçalves acrescenta que, a despeito da preservação feita pelos indígenas, o esgoto na Billings também acaba atrapalhando na subsistência dos guaranis. Em março, de acordo com o gestor, chegou a ocorrer uma grande mortandade de peixes na represa. “Você tem pelo menos quatro espécies de peixes que podem alimentar toda essa população, são cinco aldeias que abrange a represa. E, com o caso da poluição ambiental, isso interfere diretamente nos animais e, por consequência, na alimentação dos indígenas”, destaca.

Assista à reportagem da TVT

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