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Prefeitura de São Paulo não acompanha aumento da demanda por reciclagem

Pesquisa da Rede Nossa São Paulo indica que 61% das pessoas separam recicláveis, mas faltam ecopontos e valorização do trabalho dos catadores

Adenilson Nunes/Gov Ba
Adenilson Nunes/Gov Ba
Sustento dos catadores está ameaçado pelas exigências nas regras dos editais para continuidade das parcerias

São Paulo – Cresce o número de pessoas que separaram o lixo reciclável dos resíduos não recicláveis. Na pesquisa “Viver em São Paulo: Meio Ambiente”, da Rede Nossa São Paulo, 61% dos entrevistados afirmaram fazer separação em casa – no ano passado eram 57%. O crescimento, no entanto, que não vem acompanhado de ações mais amplas por parte da prefeitura. A avaliação é do coordenador da Rede Nossa Paulo, Américo Sampaio, que destaca a importância da valorização do catador e das cooperativas para complementar a coleta e a reciclagem realizada pelo município.

“Mesmo com condições de trabalho bastante precárias, praticamente 1/3 do descarte de recicláveis na cidade é feito por meio dos catadores. Se a gente tivesse uma política pública que incorporasse os catadores, garantisse a estrutura de trabalho, local de separação, remuneração, esse valor poderia, pelo meu chute, ser duplicado”, aponta o coordenador em entrevista à Rádio Brasil Atual, em referência ao dado que indica o trabalho dos coletores como segundo serviço mais utilizado, com 31% das pessoas, enquanto os caminhões da prefeitura para descarte são 37%, os pontos de reciclagem, 16% e o serviço de cooperativas, 8%.

À repórter Ana Rosa Carrara, Américo Sampaio destaca ainda que o município de São Paulo é responsável, diariamente, pela produção de 20 mil toneladas de resíduos. O que também demanda da prefeitura a ampliação da política de ecopontos. “Porque o caminhão da prefeitura de coleta de recicláveis não atende a cidade inteira e não atenderá”, ressalta. Em parceria com o Ibope Inteligência, a pesquisa questionou também a população da cidade sobre a percepção das políticas públicas de manutenção de praças, concessões de parques municipais e ações de combate a enchentes. A população demonstrou descontentamento com os serviços públicos nessas áreas.

Ouça a íntegra da entrevista