Legado

Memória de Chico Mendes incomoda por trazer outra concepção de desenvolvimento

Atuando ao lado de povos e organizações indígenas, Paulo Maldos garante que desconhecimento de Ricardo Salles sobre líder seringueiro é justificável na medida em que o ministro representa o agronegócio

Arquivo EBC

Luta de Chico Mendes e organizações do campo trouxeram “legado que aponta para um outro modelo de desenvolvimento”

São Paulo – Não surpreende o integrante do Conselho Federal de Psicologia (CFP) Paulo Maldos o desconhecimento do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, da história e da representatividade do seringueiro, ambientalista e sindicalista Chico Mendes. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Maldos avalia que a ignorância de Salles é um reflexo do seu alinhamento ao setor ruralista e dos interesses do agronegócio, que se opõem à pauta da preservação ambiental e dos direitos dos povos tradicionais.

“Ele toma o lado daqueles se incomodam com a memória do Chico Mendes, porque ela incomoda ao trazer toda uma concepção de vida, de ligação com a floresta, um outro projeto de desenvolvimento”, declara aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria. “Essa luta do Chico Mendes junto com um conjunto grande de organizações do campo, a gente pode dizer que é responsável por esse grande legado que aponta para um outro modelo de desenvolvimento”.

Maldos que atuou durante anos com povos e organizações indígenas de todo o país e chegou a conhecer o líder seringueiro em uma reunião da União Nacional dos Estudantes (UNE) de articulação com as escolas da floresta, explica que Salles, ao lado de outras personalidades do novo governo de Jair Bolsonaro, são “representantes da agenda anti-civilizatória” que procura acabar com as conquistas sociais nos últimos 30 anos, entre as quais a Constituição e o reconhecimento de territórios de proteção ambiental. 

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