Brumadinho

Mortos pela barragem da Vale chegam a 60 e desaparecidos, a 292

Equipes de salvamento voltaram a trabalhar na tarde deste domingo, após afastado risco de novo rompimento. Buscas prosseguem na manhã desta segunda

Divulgação/Corpo de Bombeiros

Camada de lama de até 15 metros dificulta esforços de salvamento no Córrego do Feijão em Brumadinho

São Paulo – Os riscos de novo rompimento no complexo de barragens da Vale, em Brumadinho, Minas Gerais, diminuiu e as buscas por sobreviventes e mortos continuam na manhã desta segunda-feira (28). Segundo a Defesa Civil, em atualização das informações feita por volta das 13h, são 60 mortos e 292 desaparecidos em decorrência do rompimento de uma barragem da mineradora na região na última sexta-feira (25). Até o momento, 192 pessoas foram resgatadas com vida.

Só no domingo, 21 corpos foram localizados e 19 dos 58 mortos já foram identificados. O número de desaparecidos aumentou na medida em que mais famílias procuraram as equipes de salvamento para cadastrarem o nome de parentes que não foram contactados desde o ocorrido. 

As buscas só foram retomadas durante a tarde, depois que a mineradora conseguiu drenar parte da água da represa. As famílias se revoltaram com a paralisação e a falta de informação. Eles pediam a participação do Exército no esforço de salvamento. Com o reinício das buscas, outro ônibus foi encontrado, mas ainda não há informações sobre o número de vítimas. No sábado (26), um ônibus soterrado pela lama foi localizado contendo dez corpos. 

Segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, há pontos do Córrego do Feijão em que a camada de lama de rejeitos de mineração alcança até 15 metros. Ele também reconheceu que, pela vastidão da área atingida, somada à quantidade de lama, corpos de vítimas poderão não serem encontrados. 

Segundo o Movimento do Atingidos por Barragens (MAB), a represa que teve uma das suas barragens rompida contém de 3 milhões a 4 milhões de metros cúbicos de água, e mais 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos, e a lama oriunda do rompimento pode atingir 19 municípios que ficam às margens do Rio Paraopeba. 

Segundo ainda nota divulgada pelo MAB, a lama do Córrego do Feijão, cuja barragem se rompeu na sexta-feira (25), pode chegar a 19 municípios, comprometendo o abastecimento de água de cerca de 1 milhão de pessoas.

Nesta segunda (28), os resgates recomeçam com o auxílio de 136 militares israelenses, cães farejadores e equipamentos. Apesar de todo o esforço ser considerado bem-vindo, chama a atenção o emprego de militares estrangeiros, sem que as Forças Armadas brasileiras tenham se engajado no salvamento das vítimas.

Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), o rompimento da barragem de Brumadinho deve significar um dos mais graves eventos de violação às normas de segurança do trabalho na história da mineração no Brasil. O órgão chamou a atenção para a reincidência de violações de normas de segurança na mesma região onde pouco mais de três anos antes outra evento semelhante assolou o município de Mariana, quando outra barragem da mineradora Samarco – controlada pela Vale e pelo grupo pelo grupo BHP Billiton – se rompeu, matando 19 pessoas.

Em três ações na Justiça movidas pelo Ministério Público de Minas Gerais, a mineradora teve R$ 11 bilhões bloqueados para que possam ser utilizados no para reparar a população atingida. Durante a madrugada, a Vale anunciou a suspensão do pagamento de dividendos a acionistas e de bônus financeiros a executivos da empresa, mas não divulgou valores afetados pela suspensão. 

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