Bem estar animal?

Futuro presidente do Ibama defende exportação de gado vivo

Defensor do licenciamento ambiental automático para ruralistas, Eduardo Fortunato Bim nega crueldade no envio de animais para abate no exterior. Só falta sair em defesa da caça e das vaquejadas

Magda Regina

Gado que segue para abate no exterior viaja durante semanas em porões inadequados, forrados de estrume. Muitos animais não chegam vivos ao destino

São Paulo – O futuro presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o advogado Eduardo Fortunato Bim, tornou-se conhecido por defender o licenciamento ambiental automático para os ruralistas. Para ele, a regulação ambiental um processo precário e artesanal – daí a necessidade de revisão geral.

Segundo afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo, a ideia é que o produtor rural tenha acesso a um sistema eletrônico pelo qual possa emitir sua própria licença. Aliás, essa é a primeira mudança que ele pretende fazer. “Se você vai fazer uma cultura de plantação em uma fazenda, por exemplo, já é obrigado a ter seu cadastro ambiental rural (CAR) regularizado, sua área de supressão e sua reserva legal já delimitadas”, disse ao jornal. “Então, não precisa ter um licenciamento complexo, como se fosse uma hidrelétrica”.

Outro posicionamento de Bim que agrada em cheio o agronegócio é a defesa da exportação de gado vivo. Reportagem da Revista do Brasil publicada em setembro mostra que exportar animais vivos é cruel, além de representar um mau negócio para o país.

Depois de passar dias na estrada, espremidos em caminhões, mal alimentados, desidratados e muitas vezes machucados, são colocados em navios cargueiros inadequados, adaptados precariamente para transportar até 25 mil cabeças por viagem. Vale tudo em nome de custos menores e lucros maiores para alguns pecuaristas que não estão preocupados com as condições em que os animais chegarão ao destino – se é que chegarão vivos.

Para o futuro presidente do Ibama, porém, inexiste o tratamento cruel ou maus-tratos aos animais na exportação de gado vivo via terrestre ou aquaviária. E que, como o confinamento do animal, por si só, não caracteriza maus-tratos, “com tanto mais razão não configuraria o confinamento durante o transporte do gado, que consta com normas internacionais (Organização Mundial de Saúde Animal/World Organisation for Animal Health – OIE) admitindo a prática e impondo os padrões de bem-estar animal”. 

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Pelo que tudo indica, não será de se espantar que as vaquejadas e a caça passem a ser práticas esportivas. E com patrocínio institucional do Ibama.