ameaça real

Alinhado a Bolsonaro, governo Temer desmonta proteção à Amazônia

Clima é de medo que, em caso de vitória de Bolsonaro, seja iniciada uma violenta caça às bruxas contra servidores que vêm atuando no combate ao desmatamento e na proteção das terras indígenas

Chico Batata/Amazonia Real/CC 4.0

Rio de Janeiro – O desmonte dos órgãos de proteção ambiental do governo federal prometido pelo candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) já está acontecendo na prática, com a colaboração do governo de Michel Temer. Em reunião realizada esta semana pela superintendência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no Rio de Janeiro, seus servidores e pesquisadores foram avisados que as equipes do Instituto que ficam baseadas nas Unidades de Conservação do Estado do Pará e têm como principal missão proteger a floresta amazônica foram orientadas a desmontar seus acampamentos a partir da próxima segunda-feira (29), dia seguinte ao segundo turno das eleições.

O relato foi feito à Rede Brasil Atual por um servidor do ICMBio, órgão subordinado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) que, com medo de represálias, pediu para não ser identificado. Ele conta que todos os fiscais e pesquisadores do Pará serão transferidos para a Região Sudeste. A alegação do governo Temer para justificar a transferência às pressas é que as equipes foram ameaçadas de morte e sua integridade física corre risco em caso de vitória de Bolsonaro.

“Segundo meus colegas do Pará, as ameaças, em caso de vitória de Bolsonaro, são reais contra eles e suas famílias. Não vai ter mais ninguém do ICMBio no Pará a partir de sábado. Eles vão ter que sair para proteger a própria vida e a vida de suas famílias”, lamenta a fonte.

Também foi divulgado na mesma reunião um ofício publicado pela direção da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), órgão subordinado ao Ministério da Saúde com a missão de atender as populações indígenas nas questões de saúde.

O documento informa aos servidores que a Secretaria encerrará suas atividades em 1º de novembro com a transferência de toda sua equipe e até mesmo o recolhimento dos carros utilizados no trabalho de campo: “Desmontaram a equipe em uma ação clara no sentido de tirar o foco das minorias”, diz o servidor do ICMBio.

Ele relata que nos dois órgãos o clima é de medo que, em caso de vitória de Bolsonaro, seja iniciada uma violenta caça às bruxas contra servidores que vêm atuando no combate ao desmatamento e na proteção da integridade das Terras Indígenas (TIs): “Para quem acha que nada está acontecendo e que é balela a violência que está vindo junto com o Bolsonaro, é bom levar em consideração estes dois fatos concretos”, diz. O objetivo dos servidores é resistir ao desmonte: “Não vamos deixar de trabalhar, mas agora viramos um grupo de risco”.