agronegócio

‘Seu churrasco tem soja?’ denuncia os impactos do avanço desenfreado da monocultura

Com produção austro-brasileira, documentário debate prejuízos às populações locais e ao meio ambiente da demanda mundial pela soja, usada na ração que alimenta a produção de carne

Reprodução/Seu churrasco tem soja?

Avanço das máquinas que farão a colheita em campos de soja em estados como Mato Grosso e Rondônia

São Paulo – “Fomos expulsos de várias formas. Os primeiros foram expulsos pelos pistoleiros… Eu resisti a tudo isso. Só não resisti ao veneno. Ou eu saio, ou vou morrer aqui, com a família inteira, intoxicada pelos venenos”. As lembranças são de Dona Valdiva Oliveira, 60 anos.

Hoje assentada no estado do Mato Grosso, a agricultora enfatiza a necessidade de mudança de hábitos. “Senão nosso futuro não é bom… Porque o veneno, ele polui tudo. Polui o ar, a terra, as águas, o subsolo e os corpos humanos também”, reforça, em depoimento ao documentário Seu Churrasco tem Soja?, exibido pela primeira vez no país hoje (24), na durante a Mostra da Universidade Estadual de Goiás (UEG) que integra o 19º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), realizado na cidade de Goiás. O evento teve início nesta terça-feira (20). O filme já foi lançado na Áustria.

Produzido por Thomas Bauer, agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na Bahia, com apoio da CPT, da organização não-governamental austríaca Welthaus Graz e da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado.

“O documentário nasceu da necessidade de mostrar uma realidade muitas vezes desconhecida, que é a região onde a soja avança desenfreadamente, contribuindo para que o Brasil seja atualmente o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, e deixando um rastro de destruição para trás”, disse Thomas Bauer.

Na produção são debatidos os impactos causados às populações locais e ao meio ambiente pela demanda mundial por carne. Ou seja, a produção de carne bovina, suína de aves, entre outras, é alimentada pela ração que tem na soja a maior parte de sua composição. As lavouras da soja ocupam dois terços das terras férteis do mundo. A commodity é um dos principais itens do agronegócio brasileiro.

O filme mostra os impactos da monocultura da soja no Mato Grosso e em Rondônia, que têm realidades semelhantes à de Goiás. “A soja não é um produto que integra socialmente, mas sim um produto socialmente excludente. Porque neste meio de produção apenas aqueles podem existir que (são os que) possuem bastante capital. São poucos grupos de investidores. A soja não é um produto para o pequeno agricultor, isso é claro”, discute, no filme, o professor Martin Coy, da Universidade de Innsbruck, na Áustria.

Em breve, o documentário estará disponível nos sites da CPT e da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado.

 

Leia também

Últimas notícias