Depois da crise

Água: Sabesp aumenta desperdício, enquanto população economiza

Gasto por habitante caiu de 169 litros por dia para 120 litros mas, por outro lado, perdas com vazamentos passaram de 30,6% para 31,8%, no ano passado

reprodução/TVT

Especialista afirma que perdas e vazamentos por parte da Sabesp são superiores ao período pré-crise hídrica

São Paulo – Segundo dados divulgados pela própria Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), enquanto a população economizou 29% da água tratada, em 2016, a Sabesp registrou desperdícios de 31,8%, registrando aumento em relação ao ano anterior, quando as perdas atingiram 30,6%. 

Marcada pelos efeitos da crise hídrica que assolou o estado de São Paulo entre 2014 e 2015, que combinou falta de planejamento pelo governo de Geraldo Alckmin com alterações climáticas, a população mudou hábitos e reduziu o consumo. Há dois anos, o gasto média diário por habitante era era de 169 litros e caiu para 120 litros, em 2016. 

“A população está fazendo a sua parte, está economizando. Percebeu isso com essa última crise. Falta a Sabesp e o governo do estado, o poder público, fazerem a sua parte também”, afirma Ricardo Guterman, membro do coletivo Luta pela Água, em entrevista ao repórter Paulo Castilho, para o Seu Jornal, da TVT

“Os índices de perda de água são superiores aos que havia em 2012. Numa entrevista recente, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, reconheceu que eles pararam todas as atividades relativas ao controle de perdas”, ressalta Guterman.

Segundo ele, isso se dá porque a Sabesp gerencia a água como uma mercadoria, e não como um bem público de direito universal, com vistas a garantir lucros para os acionistas da empresa, que tem 49,7% de suas ações nas mãos de investidores. 

Para o presidente do Sindicato de Trabalhadores em Água, Energia e Meio Ambiente de São Paulo (Sintaema), Rene Vicente dos Santos, o crescente desperdício de água se dá também em função da terceirização dos trabalhadores responsáveis pela manutenção da rede e combate a vazamentos, que não têm qualificação técnica equivalente aos dos funcionários concursados, em sua maioria com mais de 10 anos de experiência. 

“Muitas vezes o serviço acaba voltando para a Sabesp, uma vez que foi tentado corrigir uma, duas, três vezes (pelas empresas terceirizadas) e não apresenta um resultado”, explica Rene. Segundo dados do Sintaema, apenas a metade dos quase 28 mil trabalhadores na Sabesp é de funcionários próprios.