Lama e Luta

Olhar TVT: o drama das vítimas da Samarco, um ano após tragédia de Mariana

TV dos Trabalhadores volta à região para registrar a devastação ambiental e social causada pelo rompimento da barragem de lama de detritos da mineradora

reprodução/TVT

‘A lama veio e me deixou na mão. A gente nem sabe se aguenta’, lamenta uma das atingidas pela tragédia

São Paulo – Um ano após o desastre de Mariana, a TVT voltou ao distrito de Bento Rodrigues, que foi totalmente destruído por um tsunami de lama que se seguiu ao rompimento de uma barragem da mineradora Samarco, controlada pela Vale e BHP Billiton.

A avalanche de lama, que ainda pode ser vista nos rios e nas cidades do entorno, atingiu área de cerce de 1.500 hectares, deixou 19 mortos, deixou centenas desabrigadas e soterrou quase 30 comunidades e impactou a vida de cerca de 1 milhão de pessoas. Esse cenário de destruição ambiental e humana é tema do Olhar TVT desta semana, que vai ao hoje (9) às 20h30.

Diretor do Olha TVT, Luiz R. Cabral, conta que a programa refez a trajetória inversa da percorrida pela lama, desde o distrito de Regência, no município de Linhares (ES), onde o Rio Doce deságua no oceano, até a comunidade de Bento Rodrigues, na distrito da cidade mineira de Mariana, a primeira a ser atingida pela onda de lama de detritos. Eles estiveram na região entre os dias 31 de outubro e 5 de novembro, data em que a tragédia completava um ano.

Por conta do descaso da empresa e de suas controladoras,  há ainda gente sem ter onde morar, bebendo água contaminada, doente e, acima de tudo, sem esperança. “Nasci e cresci nesse lugar, criei toda minha família aqui, sofri nesse lugar aqui. E agora, depois que as coisas estavam tudo no jeito, a lama veio e me deixou na mão. A gente nem sabe se aguenta”, relata Maria Geralda Bento, moradora da região de Gesteira, também atingida pelo desastre.

“Foi uma das coisas mais tristes que vi na minha vida profissional”, destaca o diretor.  “O cenário é de devastação total nos cerca de 800 quilômetros que a gente percorreu, beirando o rio. Foram seis dias comendo poeira contaminada”. Segundo ele, as consequências da tragédia são sentidas mais fortemente pelos mais pobres e pelos mais idosos, que têm dificuldades para se articularem e cobrarem os seus direitos. “Vimos gente bebendo aquela água, tomando banho, ficando doentes.”

Cabral conta, por exemplo, de uma senhora que após ser ter a sua casa destruída, foi despejada da residência que até então vinha sendo paga pela Samarco, “Os mais idosos vão morrer sem ver o seus problemas resolvidos.” O diretor destaca ainda a inovação de linguagem, já que as imagens foram captadas através de um celular e um drone.