crime ambiental

Comunidade de Mariana denuncia que não foi ouvida sobre acordo com Samarco

Compromisso que prevê a recuperação das áreas atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão e o pagamento de indenizações têm sido alvo de muitas críticas

TVT/Reprodução

Ministério Público, professores e líderes dos movimentos sociais e indígenas debateram o caso Samarco

São Paulo – A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) promoveu debate ontem (14) sobre as ações da mineradora Samarco para minimizar os danos do desastre ambiental de Mariana-MG. Uma das denúncias debatidas foi a de que a maior parte das vítimas não participou dos acordos feitos com a Samarco.

“Quando eu faço um acordo que não tem a participação de quem deveria opinar como sujeito, não tem a participação da organização que está empoderada para discutir o direito de atingidos, e fica na mera submissão da relação de financiamento privado de campanha, provavelmente, os atingidos saíram perdendo, o estado saiu perdendo”, afirma o integrante do Movimento Atingidos Por Barragens Joceli Andrioli, em entrevista ao repórter Carlos Augusto Soares da TV Minas.

Representantes do Ministério Público, da Advocacia-Geral de Minas Gerais, professores da UFMG e líderes dos movimentos sociais e dos indígenas debateram o caso Samarco e as perspectivas do acordo firmado entre a mineradora e o poder público, que pode chegar a 26 bilhões de reais.

O compromisso que prevê a recuperação das áreas atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão e o pagamento de indenizações têm sido alvo de muitas críticas. Para a líder indígena Shirley Krenac, o acordo não levou em consideração as reivindicações da aldeia. “Esse documento que foi feito, foi planejado pelo estado, então, foi um documento vindo de cima pra baixo, não algo criado, ouvindo todos os problemas das comunidades que realmente foram atingidas. Jogaram uma bomba e estão querendo que a gente engula goela abaixo.”

Passados sete meses do rompimento da barragem de Mariana, a vida na aldeia Krenac ainda não voltou ao normal.

“Hoje, meu povo nada dentro de caixa d’água, minhas filhas não podem mais comer um peixe porque não tem. Aí, falam que o Rio Doce vai voltar a ser o que era em dez anos. Será que eles estão mentindo para quem? Porque meu povo não acredita nisso. O Rio Doce, que hoje é amargo, vai demorar muito tempo para voltar”, diz.

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