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Hollande fala em justiça climática ao convocar governantes a buscar acordo

Presidente francês disse ser inaceitável cobrar mais empenho de países pobres que emitem menos gases de efeito estufa

Reprodução/Facebook/COP21

Hollande (ao centro): “Como aceitar que os países mais pobres, que emitem menos gases, sejam os mais afetados?”

Brasília – O presidente francês François Hollande evocou o conceito de “justiça climática” ao abrir hoje (30) oficialmente, como anfitrião, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21), em Paris.

Ele disse ser inaceitável cobrar mais empenho de países pobres que emitem menos gases de efeito estufa. “Como aceitar que os países mais pobres, os mais miseráveis, que emitem menos gases, sejam os mais afetados [pelas mudanças climáticas]?”, indagou Hollande, seguindo com uma convocação aos 150 líderes mundiais reunidos na conferência: “É em nome da justiça climática que eu me dirijo a vocês. É em nome da justiça climática que devemos agir”.

Hollande disse que é preciso o mundo voltar os olhos para a ameaça que o aumento da temperatura impõe ao equilíbrio do planeta. “Anunciam-se conflitos, tempestades que provocam migrações, que, por sua vez, lançam mais refugiados nas ruas. Os governantes podem não ser mais capazes de satisfazer as necessidades vitais de sua população, que passa pelo risco da fome, do êxodo rural ou confrontos, para acessar um recurso cada vez mais escasso que é a água”.

O presidente francês disse que são três as condições que os chefes de Estado e negociadores precisam ter em mente ao longo das próximas duas semanas. Em primeiro lugar, é preciso definir um caminho para conter o aquecimento global abaixo de 2° graus Celsius (ºC) ou pelo menos 1,5 ° C. Em segundo, é que os países pensem em uma resposta única para os desafios que impõem as mudanças climáticas, sem esquecer os mais vulneráveis, como as ilhas que estão sob a ameaça de desaparecer com a subida do nível dos oceanos. E a terceira condição a ser seguida, segundo Hollande, é que o acordo busque a pluralidade, ouvindo a sociedade, os movimentos sociais e que também envolva as empresas e os agentes financeiros.

Ban Ki-moon

Em seu dicurso durante a abertura da COP21, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que esta é uma ótima oportunidade para que os líderes dos países apresentem uma posição sobre a mudança do clima, que vai causar impacto nas próximas gerações. “Estamos juntos em um só lugar ao mesmo tempo, com um propósito. Momentos políticos como esse podem não voltar novamente”.

Em uma convocação aos chefes de Estado, de Governo e representantes dos 195 países que participam da conferência, Ban Ki-moon lembrou que o segredo para o sucesso do acordo a ser fechado em Paris é a solidariedade com os mais pobres e vulneráveis. “Vocês estão aqui para escrever o script do seu futuro. O futuro das pessoas do mundo está nas suas mãos. Não podemos bancar indecisão. Nosso acordo deve ser a transformação”, afirmou.

Para o comandante das Nações Unidas, os países devem manter o compromisso, firmado em 2009, de chegar até 2020 com US$ 100 bilhões em recursos para apoiar ações de redução de emissões e adaptação de mudanças climáticas. Ele também fez referência ao principal objetivo das contribuições dos países na COP 21, de limitar o aumento da temperatura média da Terra a 2 graus Celsius até 2100, que, se não for alcançado, trará consequências sérias para o planeta.

Ao encerrar seu discurso, Ban Ki-moon pediu coragem e visão dos mandatários. “Nós temos visto muitos cidadãos indo às ruas enviando suas vozes aos líderes. Eu sinceramente espero que vocês ouçam muito cuidadosamente as vozes e aspirações do vosso povo. Eles esperam que cada um de vocês aqui hoje mostrem sua liderança. Vocês têm responsabilidade moral e política por este mundo, por nós, e por gerações sucessivas”.

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