em risco

Água da Sabesp chega ao ABC paulista contaminada por metais pesados e agrotóxicos

CC/ Wikimedia Commons Laudo aponta presença de metais pesados, venenos agrícolas e até material radiativo na água da Sabesp ABCD Maior – Metais pesados e agrotóxicos foram detectados na água […]

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Laudo aponta presença de metais pesados, venenos agrícolas e até material radiativo na água da Sabesp

ABCD Maior – Metais pesados e agrotóxicos foram detectados na água já tratada pela Estação de Tratamento de Água (ETA) Rio Grande e que abastece as torneiras da população dos municípios de São Bernardo, Diadema e de metade de Santo André, todos pertencentes ao ABC paulista. As informações foram dadas pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, em audiência pública sobre contaminação de alimentos e água por agrotóxicos realizada ontem (6), em Santo André. Os laudos são da própria Sabesp e foram passados à Defensoria pela Semasa.

Nas amostras analisadas, entre 2012 e 2015, a água da ETA Rio Grande contém agrotóxicos como o glifosato, além de metais como cádmio, chumbo, fluoreto, níquel, urânio, glifosato (agrotóxico), trihalometanos, alumínio dissolvido e surfactantes. Também foram encontrados resíduos de urânio, que é radiativo, o que chamou preocupa os agentes presentes à audiência.

A maioria dos contaminantes está dentro dos níveis permitidos pela portaria 2.914, do Ministério da Saúde – que trata da potabilidade da água, mas que prevê o monitoramento de apenas 27 dos 467 agrotóxicos registrados no Brasil. Porém, a água apresenta níveis de chumbo 40% acima do limite imposto pela portaria. “Esse mínimo de segurança não é segurança. São produtos químicos tóxicos e não sabemos o que essa mistura, a longo prazo, causa no nosso organismo, mesmo em pequenas quantidades”, afirmou a engenheira química Sônia Hess, professora e doutora da Universidade Federal de Santa Catarina, que analisou os laudos da Sabesp a pedido da Defensoria.

“Jogamos todo tipo de imundície na nossa água, porque criou-se um mito de que lá na estação de tratamento toda a sujeira sai, que o cloro tira tudo. Mas isso não é verdade, os contaminantes químicos deixam resíduos”, disse Sônia.

Ela explicou que a desinformação leva o glifosato a dominar o mercado agrícola brasileiro de defensivos químicos. Pesquisas médicas internacionais, segundo a engenheira, mostram que o glifosato é potencialmente cancerígeno, além de induzir a diabetes, doenças cardíacas, depressão, infertilidade, Mal de Alzheimer e Mal de Parkinson. “Hoje 43,8% do mercado brasileiro usam o glifosato, porque pouquíssimas pessoas sabem o quanto é perigoso”, disse.

Além do agrotóxico, os metais pesados como níquel, cádmio e trihalometanos (subproduto criado da mistura do cloro e esgoto) também causam câncer. “O câncer é a segunda causa de morte no Brasil e, diante desses números, tende a aumentar”, comentou Sônia.

Outro dado que preocupou a engenheira química foi a presença de urânio na ETA Rio Grande. “É preciso investigar de onde está vindo isso. Até recomendo que sejam feitos os testes novamente, porque é muito grave”, afirmou. Já o chumbo, explicou, causa danos aos rins, fígado, sistema nervoso, cérebro, órgãos reprodutores e à região gastrintestinal.

“Estamos chegando a um ponto de quase não retorno com a água. E vale ressaltar que a Vigilância Sanitária não fiscaliza, ou seja, a Sabesp é quem fiscaliza a água que ela mesma entrega”, observou o defensor público Marcelo Novaes.

Procurada, a Sabesp não se manifestou.

Reportagem de Claudia Mayara

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