tempo ruim

Com baixa umidade e clima de deserto, Brasília entra em estado de emergência

Dificuldades na capital do país não ficam só no campo político; escolas e parques foram fechados nesta tarde e Defesa Civil alerta as pessoas a evitarem locais muito quentes

Marcello Casal Jr/ABr

Hoje, a umidade do ar ficou em 15% e com uma temperatura média de 34 graus

Brasília – Na capital do país, nesta época do ano, é comum as pessoas fazerem trocadilho com o “clima ruim”, que faz referências tanto a crises políticas observadas no Palácio do Planalto e nas votações do Congresso Nacional, como também ao tempo seco tradicional na cidade, de julho até o início de setembro. Acontece que, desta vez, as duas alternativas caminham juntas e, além da instabilidade econômica e política, a baixa umidade do ar não tem dado trégua a Brasília. Nos últimos dois dias, chegou a 11%. Hoje (21), ficou em 15%, sempre com uma temperatura média de 34 graus.

Como resultado, nesta segunda-feira várias escolas foram fechadas durante a tarde, parques tiveram vigilância redobrada para evitar incêndios e o governo do Distrito Federal declarou estado de emergência – atitude que não era adotada desde 2013.

No sábado e ontem, segundo informações do Instituto Nacional de Metereologia (Inmet), a umidade relativa do ar chegou ao índice mínimo já observado este ano. E, hoje, a melhora foi considerada irrelevante. Antes de decretar estado de emergência, poucas semanas atrás, a secretaria de Defesa Civil já tinha decretado estado de alerta no Distrito Federal, quando a umidade do ar chegou a 20%.

De acordo com o Inmet, o tempo deverá permanecer desta forma pelos próximos dias até a primeira quinzena de outubro, quando há previsão de chuvas. A explicação do Inmet para tanto calor é que as frentes frias não conseguem chegar ao Centro-Oeste por conta de uma massa de ar seco. A umidade prevista permanecerá, portanto, em média de 15% e 16 %, conforme explicou o meteorologista Hamilton Carvalho.

Perigo de queimadas

O clima seco também favorece as queimadas. Na primeira semana do mês, a capital federal registrou mais áreas destruídas pelo fogo do que em todo o ano passado. Desde o começo de 2015 até o dia 3, o Corpo de Bombeiros atuou em 7.522,24 hectares de regiões atingidas pelas chamas – o que supera em 12 hectares o ano de 2014, quando o total foi de 7.414,47. Em agosto, foi registrada uma média de 49 casos por dia.

A Defesa Civil tem feito vários alertas à população do Plano Piloto (asas norte e sul de Brasília) e das regiões administrativas (mais conhecidas como cidades satélites). Principalmente, em relação aos idosos e crianças. As maiores recomendações são de suspensão da prática de atividades físicas e trabalhos ao ar livre, aumento da ingestão diária de líquidos (independentemente de estar com sede), uso de roupas leves e claras e, de preferência, que as pessoas fiquem em locais protegidos do sol e em áreas com vegetação.

Os técnicos e bombeiros também pedem que os moradores procurem usar em casa aparelhos umidificadores, bem como colocar toalhas molhadas e bacias nos quartos durante todo o dia e noite.

“Pois é, para quem se preocupa só com a política e acha que o mundo da cidade circula entre os ministérios, o Planalto e o Congresso, a seca veio com tudo este ano. O que mostra que Brasília não é para os fracos”, brincou o servidor público do Ministério do Planejamento Arlindo Fontana – carioca que mora na cidade há 14 anos. Fontana só esqueceu de um detalhe: essa seca física literal, na prática, tem sido observada nos gabinetes do Executivo e Legislativo há muito mais tempo este ano.