Crise hídrica

Alto Tietê deve secar até o fim de novembro, afirma especialista

Retirada de água do sistema produtor está acima do que é recebido; alternativa seria a transposição de água da Billings

Diogo Moreira/A2 FOTOGRAFIA

Falta de chuvas e obras ineficientes do governo de São Paulo: crise hídrica só aumenta

São Paulo – O sistema produtor de Água do Alto Tietê deve secar até o fim do novembro, afirma o engenheiro e sanitarista José Roberto Kachel, em entrevista hoje (25) à repórter Sandra Paulino, da Rádio Brasil Atual. Segundo o especialista, a única alternativa para amenizar o sistema é a transposição de água da represa Billings, que ainda está em obras.

Kachel, que trabalhou por 30 anos na Sabesp, explica que a retirada de água do Alto Tietê está acima do que o sistema recebe. O abastecimento para consumo humano leva pouco mais de 14 metros cúbicos por segundo, enquanto o reservatório recebe 3,5 metros cúbicos por segundo. “Em alguns dias até um milhão de metros cúbicos será retirado da represa, mas o déficit é cerca de 11 metros cúbicos por segundo. É fácil deduzir que, até o final de novembro o sistema esvazia, porque não tem como sustentar.”

Obras ineficientes do governo de São Paulo e falta de chuvas são apontadas pelo especialista como as principais razões para o problema. Ele conta que a Sabesp investiu milhões para reforçar o reservatório com águas dos rios Guaió e Guaratuba, mas os dois secaram. “O rio Guaratuba existe desde a década de 50, eu já trabalhei lá e sei que em época de seca não dá pra tirar meio metro cúbico por segundo, e o governo disse que tiraria um e meio a mais. Isso não existe. Eu fiz um estudo no Guaió, e vi que também não daria em época de seca. O governo reconheceu que não dá 300 litros por segundo.”

Segundo Kachel, a alternativa emergencial é a transposição de parte da água da Billings para a represa de Taiaçupeba. “Se você entrar com quatro (metros cúbicos por segundo), ainda ficará com menos sete. Ao menos esses quatro metros cúbicos por segundo evitarão esvaziar o Alto Tietê até dezembro”, calcula, referindo-se à provável volta do período chuvoso.

O especialista afirma que apesar do excesso de chuvas no começo do ano, o solo está seco e absorve a água. “No começo do ano choveu acima da média, mas nem chega à metade da série histórica de vazões, ou seja, o solo está seco e faz o efeito esponja.”

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