perigo

CNTBio libera plantio comercial de eucalipto transgênico

Especialistas afirmam que espécie causa danos ao meio ambiente por requerer mais água, e que irá prejudicar os pequenos produtos de mel orgânico

Divulgação

O Brasil é o primeiro país a aprovar plantio de eucalipto geneticamente modificado para fins comerciais

São Paulo – A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou hoje (9) a liberação do plantio comercial do eucalipto transgênico produzido pela empresa de biotecnologia FuturaGene, que pertence ao grupo Suzano Papel e Celulose. Especialistas afirmam que a espécie causa danos ao meio ambiente por requerer mais água, e que irá prejudicar os pequenos produtos de mel orgânico, que não terão como monitorar se as abelhas polinizaram ou não árvores transgênicas, perdendo valor nos produtos.

A liberação foi aprovada pela comissão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em uma reunião a portas fechadas, por 18 votos favoráveis e três contrários. A aprovação ocorre após o adiamento de uma primeira votação, marcada para março, devido a protestos de manifestantes contrários à medida. Pelo menos mil mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a sede da FuturaGene, em Itapetininga (SP), enquanto militantes protestavam em frente à Agência Espacial Brasileira (AEB), onde ocorreria a votação, em Brasília.

O Brasil é o primeiro país a aprovar plantio de eucalipto geneticamente modificado para fins comerciais. “Terá um grande impacto no meio ambiente. O eucalipto transgênico não precisa de sete anos para crescer, como o tradicional, mas de apenas quatro ou cinco. Para isso, ele consume muito mais água, segundo as previsões”, explica o professor de agronomia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo Paulo Kageyama.

A espécie geneticamente modificada também vai impactar os pequenos produtores de mel orgânico, cultura que não admite transgênicos. “As abelhas africanas voam muito longe e não será possível impedir que polinizem eucaliptos transgênicos. Elas vão contaminar grande parte do mel produzido no Brasil”, afirma Kageyama. A maioria dos produtores de mel é da agricultura familiar e poderá perder selos que reconhecem os alimentos como orgânicos e que agregam valor aos produtos.

A Futuragene afirma que o eucalipto geneticamente modificado traz ganhos de produtividade da ordem de 20% em relação ao eucalipto convencional devido justamente ao crescimento acelerado da planta.

Com informações da Agência Reuters