seca no campo

Políticos e produtores do Alto Tietê repudiam decisão de lacrar bombas de irrigação

Mais de 90% dos trabalhadores rurais utilizam águas de rios, lagos e nascentes da região, mas sem a outorga do DAEE cultivo de alimentos pode ser paralisado

Tiago Brandão/Flickr

Chamada de Cinturão Verde, região é tradicional produtora de hortaliças, que depende do uso intensivo de água

São Paulo – Uma comissão formada por prefeitos, vereadores e deputados da região do Alto Tietê repudiou, em manifesto, a decisão do DAEE de lacrar bombas de produtores rurais que captam água em rios, lagos, nascentes e represas próximas às áreas de cultivo, mas não possuem a outorga concedida pelo departamento.

Mais de 90% do agricultores se utilizam dessas águas, há décadas, e apenas uma pequena parcela possui a devida autorização. Agora, com o agravamento da crise, o governo estadual resolveu fiscalizar e ameaça lacrar as bombas daqueles que não possuem a licença. Essa decisão foi confirmada por técnicos do DAEE à comissão formada por vereadores e prefeitos dos municípios da região.

A decisão de fiscalização revoltou os produtores, já que cidades como Biritiba Mirim e Salesópolis dependem exclusivamente dessa atividade.

O prefeito de Salesópolis, Benedito Rafael da Silva demonstra indignação: “Estão tomando a medida de fechar a irrigação dos proprietários que não têm outorga, e no que isso resulta? O benefício é muito pequeno. Em contrapartida, o prejuízo social e financeiro para a região é incomensurável. Para São Paulo não morrer de sede, será que, aqui, a gente tem de morrer de fome?”, falou à repórter Sandra Paulino, da Rádio Brasil Atual.

A dependência da captação das águas do entorno envolve também aqueles que atuam na agricultura familiar. Ronaldo Batista, pequeno produtor, afirma que se a decisão de lacrar as bombas for efetivada, não terá outra alternativa: “Tenho que parar de plantar.”

O prefeito de Biritiba Mirim, Carlos Alberto Taino Júnior, chama a atenção para o risco de desemprego na região. Em seu município, o prefeito estima em 2 mil empregos diretos e 8 mil indiretos que podem ser afetados com a medida.

A fiscalização começou na semana passada, mas ainda não houve nenhum registro de lacração de bomba. A região promete pressão política para que o governo volte atrás na medida.

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