Estoque de água

Casos de dengue triplicaram na capital paulista em janeiro

Prefeitura afirma que, se confirmada a tendência verificada no início do ano – com armazenamento de água nas casas sem os devidos cuidados – número de casos pode chegar a 90 mil em 2015

© urbanfarmer/reprodução

População busca armazenar água por conta da crise, mas falta de cuidado pode levar a doenças

São Paulo – A crise hídrica no estado de São Paulo pode levar a um surto de dengue na capital, alertou hoje (4) a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. A falta de água nos domicílios, que tem se agravado e enfrenta a iminência da oficialização de um racionamento, tem feito com que a população reaja em busca de soluções caseiras, como o armazenamento em caixas, tanques e baldes sem o cuidado de tampar esses recipientes.

Entre 4 e 24 de janeiro foram registrados 1.304 casos da doença, ante 495 em igual período de 2014. Neste ritmo, quase três vezes mais intenso do que no ano passado, a cidade terminaria o ano com 90 mil casos de dengue. Se a incidência chegar a 120 mil pode ser considerada epidemia, segundo parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Nossos agentes da vigilância notaram aumento significativo do estoque de água em casas, especialmente na periferia, e muitas sem tela, sem tampa. Intensificamos a fiscalização, o controle do mosquito onde há casos, mas se a população não se conscientizar da maneira correta de fazer o armazenamento, teremos muitos problemas”, disse o secretário adjunto de Saúde, Paulo de Tarso Puccini.

No ano passado, o estado de São Paulo registrou 193.636 casos. Na capital, foram  28.995 (97,7% ocorreram no primeiro semestre), com 14 óbitos ao longo do ano.

A visita de equipes é programada com base no mapeamento de pontos críticos, a partir dos casos confirmados. A nebulização pesada, o chamado “fumacê”, só é aplicada em casos de emergência e funciona para eliminar mosquitos, sem efeito prático na eliminação de criadouros.

Detecção e prevenção

O profissional da saúde tem de pedir um exame de identificação da doença caso o paciente apresente o conjunto de sintomas – os principais são febre alta, dor de cabeça, dor no corpo e mal-estar.
Na cidade de São Paulo, o exame pode ser feito em qualquer unidade de saúde e fica pronto em torno de três dias. Segunda a prefeitura, tendas serão montadas nos bairros informando a população dos cuidados para prevenção de dengue, especialmente em locais com histórico de alto registro da doença, como é o caso da região da Lapa.

Pratos de vasos de plantas devem ser preenchidos com areia.

Tampinhas, latinhas e embalagens plásticas devem ser (recicláveis em geral) deve ser guardadas protegidas de chuva até que a coleta seja feita.

Latas, baldes, potes e outros frascos devem ser guardados com a boca para baixo.

Caixas d’água devem ser mantidas fechadas com tampas íntegras e sem rachaduras ou cobertas com tela tipo mosquiteiro.

Piscinas devem ser tratadas com cloro ou cobertas.

Pneus devem ser furados ou guardados em locais cobertos.

Lonas, aquários, bacias, brinquedos devem ficar longe da chuva.

Entulhos ou sobras de obras devem ser cobertos, destinados ao lixo ou à Operação Cata-Bagulho.

Cuidados especiais para as plantas que acumulam água, como bromélias e espadas de São Jorge. A indicação é colocar a água somente na terra.