Se não tem água...

Reajuste dos ganhos para acionistas da Sabesp é ‘comemorado’ com champanhe na Bovespa

Manifestantes ironizam reajuste de 6,5% nos dividendos anunciado pela companhia e relembram o 'Sabesp Day' de 2012 em Nova York. Foi um 'escracho lúdico', definiu um dos participantes

RUA Juventude Anticapitalista

‘Geraldo Alckmin’ foi o convidado de honra dos acionistas

São Paulo – “Obrigado, Sabesp, pelo aumento da tarifa”, saudavam em faixa os ‘acionistas’ às portas da BM&FBovespa, hoje (17), no centro de São Paulo. O flash mob, ou mobilização instantânea, foi promovido pela Assembleia Estadual da Água, que congrega diversos movimentos sociais, ambientalistas, ONGs e pesquisadores na conscientização e busca de soluções conjuntas para a crise hídrica que afeta o estado de São Paulo.

Com bom humor e ironia, os manifestantes interpretavam a “Festa dos Acionistas”, brindando com champanhe o reajuste de 6,5% anunciado pela empresa aos acionistas e  que começa a valer a partir do dia 27.

A encenação faz alusão ao ‘Sabesp Day’, em 15 de maio de 2012. Naquela data, para comemorar os dez anos de negociação das ações da estatal na Bolsa de Valores de Nova York, a presidenta da companhia, Dilma Pena, participou da tradicional cerimônia de abertura do pregão, acompanhada de secretários estaduais, executivos e conselheiros, além de acionistas. Naquele evento, foi anunciado o compromisso de oferecer 100% de água tratada, 100% de coleta de esgoto e 100% de tratamento de esgoto em todo o interior do estado de São Paulo até 2014.

Sobre relação de confiança com os investidores, Dilma Pena afirmava: “É uma estratégia de gestão bem-sucedida que permite à empresa planejar, desenvolver e executar programas de longo prazo que atendem necessidades do Estado, dos municípios e que melhoram a qualidade de vida da população”.

Para Giulia Tadini, do Juntos, uma das entidades que compõem a Assembleia Estadual da Água, o intuito do flash mob foi dar “visibilidade para o aumento da tarifa através de um escracho lúdico, para alertar a população e questionar o atual modelo de gestão”.

“Denunciar a contradição. Mostrar que a causa da falta d’água não é aquilo que a propaganda da Sabesp vem divulgando, que alega mau uso e desperdício da população. A razão é bem mais profunda, é uma forma de gerenciamento dos recursos hídricos que se apoia na lógica da mercantilização da água. O aumento da tarifa demonstra isso. Nos últimos dez anos, dos R$ 12 bilhões que teve de lucro, a Sabesp repassou R$ 4 bilhões para os acionistas”, afirma Mario Marinho, do Rua Juventude Anticapitalista.

Confira também a matéria da TVT:

Leia também

Últimas notícias