Desmatamento na Amazônia atinge 175 km² entre março e abril

Queda em relação a 2012

Mato Grosso responde por 47% do desmatamento no bimestre (Foto: Andre Deak. Flickr)

São Paulo – O desmatamento na Amazônia atingiu 175 quilômetros quadrados nos meses de março e abril, informou hoje (6) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O levantamento, feito com base no Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real, expôs queda no ritmo de derrubada da floresta em relação ao ano passado, quando foram detectados 292 quilômetros de cortes no mesmo período.

Mato Grosso lidera o ranking da derrubada de árvores na região, com 83,57 km² de devastação nos dois meses analisados – respondendo por 47% do total. Rondônia veio em seguida, com 48,68 km², seguida pelo Amazonas, com 17,14 km². No acumulado desde janeiro, o Mato Grosso também aparece no topo, com 298,83 km² sobre um total de 454,11 km². Fevereiro foi o pior mês até agora, com 296 km².

No período de março e abril, a leitura é prejudicada pela cobertura de nuvens, frequente no período chuvoso da Amazônia, mas, segundo o Inpe, a dificuldade é compensada pelos dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “Estamos enxergando mais e, mesmo assim, as detecções estão menores do que em anos anteriores”, disse George Ferreira, coordenador-geral de Monitoramento Ambiental do Inpe.

As imagens captadas pelos satélites utilizados pelo instituto permitem a visualização de áreas de corte raso, quando há a retirada completa da floresta nativa em uma área, e de evidências de degradação pela extração de madeira ou incêndios florestais, que tipificam o processo de desmatamento na região.

Pelo acumulado do levantamento, de agosto de 2012 até abril deste ano a área devastada da Floresta Amazônica ultrapassou 1,8 mil quilômetros quadrados. O número mostra um aumento de 15% em relação ao mesmo período anterior. Para os agentes ambientais, grande parte dessa diferença se deve aos registros de agosto, quando o Deter identificou 522 quilômetros quadrados de área devastada. No mesmo mês, em 2011, a derrubada de árvores ocorreu em 163 quilômetros quadrados. “Mas essa diferença (15%) vem sendo reduzida. Em agosto teve detecção muito grande de 220% maior do que em agosto de 2011. Em setembro, o acumulado de agosto a setembro já caia para 92%. Ate final de julho a diferença vai cair ainda mais”, disse Ferreira.

A mesma expectativa é compartilhada pelo diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano de Meneses Evaristo, que ainda destacou que a Operação Onda Verde está contribuindo para a redução dos crimes ambientais na região. A estratégia começou com seis frentes atuando no combate ao desmatamento na região centrada em seis áreas críticas que respondiam por 77% do desmatamento da Floresta Amazônica. Segundo ele, essas ações foram multiplicadas no território.

“Essa não é uma operação fixa, ela abre, se multiplica e acompanha o desmatamento para onde está indo”, acrescentou, ressaltando que com a dispersão das nuvens o volume de áreas afetadas não deve ser muito superior ao que os satélites já estão mostrando. Entre agosto e abril, os agentes do Ibama conseguiram mapear 1,2 mil dos 2,2 mil polígonos de desmatamento identificados. Segundo técnicos do órgão, a média de área desses polígonos é 83 hectares e o maior deles ocupa uma área de 2,2 mil hectares.

Nessas áreas, a maior parte dos alertas identificados entre agosto do ano passado e o início de maio deste ano representava corte raso (65%), que configura o desmatamento ilegal. A devastação pela degradação por uso de fogo representou respondeu 20% dos alertas nessas áreas e pela degradação por exploração florestal foram 5% dos alertas nesse período. Em 10% dos casos as imagens apontaram um falso positivo, ou seja, algum problema técnico na captação das imagens.

“Sessenta e cinco por cento dos alertas eram corte raso, e essas áreas deverão fazer parte do novo Prodes [sistema anual de monitoramento com precisão maior de informações], em julho. Não tem componente de degradação”, disse Meneses Evaristo, ao informar que o Prodes tem uma resolução mais aproximada e dados mais detalhados sobre a região.

Ainda entre agosto de 2012 e abril deste ano, o Ibama, a partir de informações do Deter, apreendeu 65 mil metros cúbicos de madeira em tora e 9,5 mil metros cúbidos de madeira serrada, além de 36 armas de fogo, 67 caminhões, 118 tratores e 22 veículos.

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