Apropriação da água para fins privados provocou 115 conflitos em 2012 no Brasil

Do total, 79 foram devido à apropriação privada dos recursos hídricos e 36 devido a seca; 184.925 pessoas foram afetadas

Total de conflitos de 2012 é o dobro de 2011, quando foram registrados 68 (Foto: Arquivo/RBA)

São Paulo – Em 2012, o Brasil registrou 115 conflitos por água em 19 estados, que envolveram ocupações, manifestações, disputas por mananciais e contaminação de rios e nascentes. Ao todo, 184.925 pessoas foram afetadas, de acordo com dados preliminares do relatório Conflitos no Campo Brasil, quer será publicado na íntegra pela Comissão Pastoral da Terra no próximo dia 22.

A maioria dos conflitos (79) tem como principais agentes mineradoras, fazendeiros e construtoras de barragens e hidrelétricas e foram motivados, especialmente, pela apropriação privada dos recursos hídricos, como explica o assessor nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Roberto Malvezzi. “A água que deveria ir para consumo humano ou para matar a sede de animais acaba indo para irrigar grandes propriedades.” Ao todo 158.920 pessoas foram afetadas, segundo a CPT.

Outros 36 conflitos tiveram como causa principal a seca. Foram, principalmente, manifestações, ocupações e fechamento de estradas, se estenderam por seis estados e afetaram 26.005 pessoas. “Há um problema da distribuição de água no semi-árido, onde ela fica muito concentrada nas grandes propriedades”, afirmou Malvezzi. “Além disso, os recursos hídricos são mal distribuídos geograficamente no país.”

O total de conflitos de 2012 é quase o dobro de 2011, quando foram registrados 68. Os dados vêm de pesquisas de campo e de informações divulgadas por veículos de comunicação. O levantamento sobre os usos da água no Brasil é monitorado pela Comissão Pastoral da Terra desde 2005 e compõe o relatório Conflitos no Campo Brasil, que é produzido desde 1985.

“Nosso principal objetivo é dar subsídio para políticas públicas e para ajudar a atuação dos movimentos sociais, para conseguirmos garantir que a água seja usada prioritariamente para consumo humano.”