ONU faz 56 recomendações para Rio+20 obter avanços concretos

Documento produzido por grupo de trabalho do Pnuma, com participação da ministra Izabella Teixeira, alerta sobre os riscos de esperar mais 20 anos mantendo os mesmos padrões de produção e consumo

São Paulo – Novos modelos de governança, baseados em desenvolvimento social, fortalecimento econômico e sustentabilidade ambiental, devem nascer a partir da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) – e ir além. Este é o foco principal das 56 recomendações do relatório “Povos Resilientes, Planeta Resiliente”, cuja versão em português foi apresentada na última sexta-feira (18), no Rio de Janeiro, pela ONU e pelo Governo Brasileiro.

Resiliência – Capacidade de um ecossistema retornar à condição original de equilíbrio após suportar alterações ou perturbações ambientais; habilidade que uma pessoa desenvolve para resistir, lidar e reagir de modo positivo em situações adversas.

O documento foi produzido pelo Painel de Alto Nível sobre Sustentabilidade Global (GSP), grupo de trabalho criado em agosto de 2010 pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, para formular um novo projeto de desenvolvimento sustentável e de baixo carbono. O evento de sexta-feira teve a presença do Secretário-Executivo do GSP, Janos Pasztor. A Ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, é um dos 22 integrantes do Painel.

“Precisamos inovar e ousar, estabelecendo novos paradigmas mais sustentáveis, que promovam a igualdade social e o crescimento econômico, ao mesmo tempo em que garantam a preservação do nosso planeta”, afirmou a Ministra. “Este não é apenas mais um relatório. Não podemos esperar mais vinte anos para adotar ações concretas”, completou Izabella, ao ressaltar que os desafios para os próximos anos devem ser “traduzidos” para a realidade de cada nação, de modo a atender suas necessidades e promover a igualdade.

O fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) é considerado uma das questões principais para viabilizar esse processo. O relatório “Pessoas Resilientes, Planeta Resiliente” pede pela integração dos custos sociais e ambientais do mesmo modo como são os preços mundiais e as medidas de atividades econômicas.

O estudo alerta também para a necessidade de reunir um conjunto de indicadores de desenvolvimento sustentável – que vão além da abordagem tradicional do Produto Interno Bruto (PIB) – e recomenda que os governos desenvolvam e apliquem objetivos de desenvolvimento sustentável que possam mobilizar a ação global e ajudar a monitorar o progresso.

O relatório, apresentado com um guia para o debate e as resoluções da Rio+20, mostra que, apesar de o PIB mundial ter aumentado 75% de 1992 a 2010, as disparidades entre o PIB per capita dos países desenvolvidos e em desenvolvimento aumentaram no mesmo período. A falta de acesso a saneamento básico, por exemplo, atinge 2,6 bilhões de pessoas e 27% da população mundial ainda vivem em situação de miséria absoluta. Para piorar, os recursos naturais são explorados à exaustão, mas não são usufruídos de forma igualitária – 85% de todos os estoques de peixes estão sobre-explorados, esgotados ou em processo de recuperação. Ainda de acordo com o relatório,

Janos Pasztor destacou, durante o painel, a necessidade de envolvimento de todos os setores da sociedade no delineamento dos cenários e objetivos futuros. “A contribuição da ciência é fundamental e parcerias entre as diferentes áreas de atividade humana e do conhecimento devem ser realizadas”, afirmou. “Tudo isso aliado ao ‘empoderamento’ das pessoas.”

Acesse o relatório Povos Resilientes, Planeta Resiliente