Ativistas denunciam irregularidades em produção de ferro no Maranhão e Pará
Há três dias, ONG impede carregamento de navio com ferro gusa produzido em condições socioambientais irregulares, como uso de trabalho escravo e desmatamento ilegal
Publicado 17/05/2012 - 12h48
São Paulo – O Ministério Público Federal recebeu denúncias do Greenpeace sobre irregularidades em empreendimentos de exploração de minério de ferro nos estados do Pará e do Maranhão. A organização não governamental vinha pesquisando há mais de dois anos a situação da cadeia produtiva ligada ao setor. Entre os problemas, foram detectados emprego de mão de obra em condição análoga à escravidão e extração de madeira em territórios indígenas e em Unidades de Conservação.
Acompanhando os representantes do Greenpeace na visita de ontem (16) estavam o padre Dário Bossi, da rede Justiça nos Trilhos, Rosana Diniz, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e Edmilson Pinheiro, do Fórum Carajás, que foram recebidos pelo procurador da República Alexandre Soares. “Algumas empresas da região onde se concentram as denúncias já respondem a uma ação civil pública, porque o carvão que utilizam não tem certificado de origem”, disse Soares.
Principal matéria-prima do aço, o minério de ferro é transformado em ferro gusa em fornos alimentados por carvão vegetal. Parte deste carvão é proveniente do desmatamento ilegal, segundo a ONG. O ferro gusa brasileiro é exportado, principalmente, para a indústria automobilística dos Estados Unidos.
“O ferro gusa está deixando um rastro de destruição e violência na Amazônia. Desmatamento ilegal, trabalho análogo à escravidão e invasão de territórios indígenas estão na ponta da cadeia desta matéria-prima”, disse Tatiana de Carvalho, da campanha Amazônia do Greenpeace.
Protesto
Desde segunda-feira (14), ativistas bloqueiam o navio cargueiro Clipper Hope, impedindo-o de receber o carregamento de 30 mil toneladas de ferro gusa. Atracado na baía de São Marcos, a 20 quilômetros de São Luis, o navio, que levaria a carga aos Estados Unidos, é contratado pela Siderúrgia Viena, apontada na pesquisa como uma das empresas envolvidas nas irregularidades da cadeia da matéria-prima do aço.
Para ler a pesquisa, clique aqui.