Rio+20 deve ampliar debate sobre a água

Fórum apresenta propostas para a Conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável da ONU

São Paulo – Temas como a governança mundial da água, reservação, qualidade, quantidade e acesso à água como direito humano devem ser discutidos na Conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável da ONU, a Rio+20, marcada para junho, no Rio de Janeiro. A proposta foi apresentada por mais de 150 países durante o 6º Fórum Mundial da Água, entre os dias 12 e 17, na França.

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Os países expuseram experiências locais visando possibilidades de troca, cooperação e integração do tema nos debates da Rio+20. Foi também divulgada uma carta na qual parlamentares assumiram a responsabilidade de ampliar a inserção do tema em seus países. 

Ministros e chefes das delegações se dispuseram ainda a superar os desafios para o acesso à água em todos os níveis. Num documento, intitulado Declaração Ministerial, apontam necessidades de acelerar o acesso à água potável e ao saneamento básico, contribuir para o desenvolvimento econômico, a economia verde, a segurança alimentar e energia.

Para a Rio+20, os países decidiram que a água deverá ser tema recorrente, especialmente ao tratar das catástrofes e do desenvolvimento urbano. “A água não pode ser assunto isolado, precisa ser vista em toda a sua cadeia e de forma ampla. Levar o debate para todos os eixos de discussão política da conferência foi uma das decisões do 6º Fórum”, diz Malu Ribeiro, coordenadora do programa Rede Águas, da Fundação SOS Mata Atlântica.

De acordo com Malu, houve a preocupação de não estabelecer metas intangíveis e dependentes de iniciativas de agentes econômicos – como empresas e mercado financeiro –, como ocorreu na elaboração do Protocolo de Kyoto. Segundo a ativista, as soluções caminham para ações locais concretas, pensando primeiramente na participação das pequenas comunidades. “Contudo, é preciso entender que as cartas e declarações foram produzidas a partir das intenções definidas pelos países, mas não estabelece metas e cobranças”, destaca.

Escassez

Em 2050, mais de 45% da população mundial não terá acesso à porção mínima de água potável para suprir as necessidades básicas. As estatísticas estão no relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Carlos Eduardo Palma, engenheiro civil sanitarista e diretor da Uniágua (Universidade da Água) fala sobre o uso e a escassez da água mundialmente. Ouça a entrevista.